Caso não tenham os acompanhamentos médico e psiquiátrico ideais, muitos pacientes acometidos pela esquizofrenia podem sofrer com circunstâncias semelhantes a perseguições – e descrevem que essas situações se transformam em verdadeiros “pesadelos acordados”.
Nesse contexto, a mente da pessoa passa por uma verdadeira guerra contra os próprios pensamentos, seja por acreditar na situação ou por ir de encontro com essas reflexões. “As crises são bastante heterogêneas: podem ser agudas ou de início insidioso (traiçoeiro) e progressivo: troca-se o dia pela noite, o paciente pode se sentir ameaçado de morte, usar palavras estranhas, escutar vozes ameaçadoras ou ofensivas, ficar isolado ou apresentar comportamento agressivo”, ressalta o psiquiatra Carlos Hübner.
Todas essas questões são frutos da cautela quanto à segurança pessoal ou de pessoas próximas, já que, em certos casos, as “vozes” buscam persuadir para alguma ação perigosa.
O psicanalista Paulo Miguel Velasco aponta que o indivíduo tem a impressão de que algo está sucedendo à sua volta, mas pensa que são fatos tramados por terceiros contra ele. Dessa maneira, alguns quadros patológicos podem surgir, como o transtorno de ansiedade, aumento dos delírios e visão distorcida da realidade.
Por conta de uma variedade de fatores, segundo Carlos, atualmente não se estuda a esquizofrenia como algo isolado. Na verdade, o foco da abordagem científica mudou para “várias maneiras de adoecer – com inúmeras causas possíveis – que se apresentam com sintomas, sinais e evoluções variados”.
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Consultorias: Carlos Hübner, psiquiatra pela University Heidelberg, na Alemanha, e professor na Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), em Sorocaba (SP); Paulo Miguel Velasco, psicanalista clínico.
Texto: Vitor Manfio/ Colaborador – Entrevistas: Giovane Rocha e Vitor Manfio/ Colaboradores – Edição: Augusto Biason/ Colaborador