Desde o início de seus estudos, as causas e as origens da depressão são incertas. Ela pode ser orgânica ou psíquica; em alguns casos, a união dos dois. É muito comum um ‘start’ para o desencadeamento da depressão. O ‘start’ é uma situação traumática pela qual o indivíduo passa. Toda situação traumática é estressante e pode provocar depressão e, muitas vezes, ela não vem logo em seguida a este evento traumático e pode ocorrer com início tardio. “Você passa por um trauma hoje e daqui a alguns anos percebe-se em um estado depressivo”, diz a psicóloga Amanda Paiva.
E essa situação traumática não é necessariamente um fato negativo: pode ser a promoção no trabalho, um casamento, o nascimento de um filho, gerando tanto estresse e medo que desencadeia em uma depressão. Muitos ainda afirmam que a doença é necessária, tendo a mesma função da dor e garantindo a nossa sobrevivência. Será?
“A ansiedade tem a mesma função da dor, ela nos alerta que algo é ‘perigoso’, ficamos ansiosos e paramos para ‘refletir’ sobre a situação (estado de alerta). No distúrbio, podem surgir estados ansiosos. Mas ela está muito mais relacionada à dor de um luto do que um estado de alerta. Quando nos referimos a situações de estresse ou trauma que desencadeia a depressão, nos referimos à forma como o indivíduo reage frente a uma situação de mudança, consequentemente uma perda que remete ao luto”, explica.
Dessa forma, se encararmos a mudança, seja positiva ou negativa, como um risco, a depressão seria sim, uma defesa para sobrevivência. Mas Amanda diz que, se olharmos os sintomas da depressão, por tudo que o indivíduo passa e sente, suas ideias e vontades suicidas, isso seria uma forma de defesa psíquica, mas uma defesa prejudicial ao indivíduo.
É realmente o mal do século?
Segundo Amanda, é falado sobre a doença há muito tempo, mas não se usava o termo depressão. “Os gregos foram os primeiros a falar sobre ‘mente sã em corpo são’ e já partilhavam a ideia de que as doenças da mente estão conectadas de algum modo à disfunção corporal. Já Hipócrates, no século 5 antes de Cristo, conhecia e definia o transtorno com a denominação de melancolia: ‘uma afecção sem febre, na qual o espírito triste permanece sem razão fixado em uma mesma ideia, constantemente abatido’. Mas é nos dias de hoje que ela é muito mais aceita. As pessoas têm acesso fácil à informação e, assim, conseguem se identificar com os sintomas, aceitar e procurar o tratamento. O preconceito em relação ao transtorno e tratamento diminuíram muito. Sempre foi confundida a depressão com tristeza ou ‘frescura’. Atualmente, as pessoas conseguem entender que é uma doença que precisa de tratamento”, afirma.
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Consultoria: Amanda Paiva, psicóloga.
Texto e entrevista: Amanda Araújo/Colaboradora.