Você está assistindo a um filme e uma cena triste o comove, ao ponto de lágrimas escorrerem. Ou então, uma cena de terror faz com que você sinta medo. Mas tudo não passa de ficção, e você sabe disso! Por que, então, nos envolvemos ao ponto de nos sentirmos tocados ao presenciarmos algumas cenas? A ciência pode ter achado a resposta para esta dúvida, e ela está dentro da sua cabeça, nos neurônios espelho.
No início da década de 1990, ao estudar o mapa dos movimentos no cérebro de macacos, um grupo de neurocientistas italianos da Universidade de Parma, liderado pelo neurofisiologista Giacomo Rizzolatti, detectou um mecanismo inovador entre os neurônios dos animais. Ao colocarem vários eletrodos para registrar a atividade neurológica em diferentes movimentos, como pegar uma noz, os cientistas descobriram os neurônios espelhos.
Quando um dos pesquisadores retirou o fruto para prosseguirem com os experimentos, constatou-se que os neurônios do macaco também se ativaram. É como se em sua cabeça ele próprio estivesse pegando a noz. “Esta descoberta mostrou que alguns neurônios se ativam tanto quando alguém faz uma ação quanto quando se vê alguém fazendo esta mesma ação”, afirma o neurocientista Danilo Marques. Em outras palavras, é como se um indivíduo refletisse a ação do outro – daí o nome “espelho”.
O registro criou novos caminhos para diversas áreas da ciência, como a medicina, a psicologia, as ciências sociais e, claro, a neurociência. A importância da novidade é tanta que alguns cientistas, inclusive, consideram a descoberta destas células nervosas como uma das mais importantes da área dos últimos anos.
Os animais também têm neurônios espelho?
É verdade que os seres humanos têm muitas diferenças em relação aos outros mamíferos. Mas também há alguns aspectos em comum – é o caso dos neurônios espelhos. Foi a partir de estudos com macacos da espécie rhesus, aliás, que tais neurônios foram identificados originalmente. Assim sendo, os comportamentos desenvolvidos pelos neurônios espelhos também podem ser observados em animais.
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Texto e entrevista: Natália Negretti – Edição: Giovane Rocha/Colaborador
Consultoria: Danilo Benette Marques, neurocientista na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (SP)