Pesquisas avançadas mostraram que a localização dos neurônios espelho faz com que sejam associados aos movimentos e às emoções. Isso explicaria, portanto, por que choramos ao assistir a cenas tristes ou sentimos medo ao ver filmes de terror. “Esses neurônios se localizam nas áreas frontoparietais do cérebro e são ativados quando realizamos movimentos motores complexos, assistimos algum filme ou espetáculo e também quando observamos outros indivíduos realizando qualquer atividade tanto motora quanto artística”, explica o neurologista Custódio Michailowsky.
De acordo com os especialistas, a propriedade do cérebro de se espelhar a outras pessoas também seria responsável por permitir aprendizados por meio da imitação, como a linguagem, que, basicamente, é adquirida na infância ao observar pessoas se comunicando. “A capacidade do cérebro em se espelhar a outro também permite que ele consiga compreender qual é o ponto de vista ou a própria intenção dessa ação”, destaca o neurocientista Danilo Benette Marques. Portanto, os neurônios espelhos são essenciais para a socialização dos indivíduos, bem como seu desenvolvimento saudável.
Os neurônios espelho e os bocejos
Pode parecer que uma coisa não tem nada a ver com a outra, mas alguns pesquisadores acreditam que sim! Você vê uma pessoa bocejando e, de repente, também está abrindo a boca, não é? Diversas teorias científicas tentam explicar o motivo de o bocejo ser tão “contagioso”.
Conforme uma das mais aceitas, a culpa é dos neurônios espelho, já que eles teriam o poder de gravar a forma como nos comportamos em determinadas situações e baseiam ações futuras. Assim, quando você vê alguém bocejando, seus neurônios desencadeiam o ato-reflexo, que não é possível controlar.
A importância da empatia e da percepção
Compreender o que ocorre ao nosso redor é uma das qualidades dos neurônios espelhos – característica fundamental para se viver em sociedade, além de ajudar na própria sobrevivência. Por exemplo, saber que uma expressão de dor indica perigo e estado de alerta. Ao mesmo tempo, do ponto de vista social, os neurônios espelhos colaboram para ações de empatia com outros indivíduos, o que ajuda (e muito!) a convivência social.
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Texto e entrevistas: Natália Negretti – Edição: Giovane Rocha/Colaborador
Consultorias: Custódio Michailowsky, neurologista no Centro de Dor e Neurocirurgia Funcional do Hospital 9 de Julho, em São Paulo (SP); Danilo Benette Marques, neurocientista na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (SP)