A acumulação compulsiva é um assunto que chama a atenção, tanto que já virou tema de reality show com direito a várias temporadas. Porém, não é por esse lado que se deve enxergar o acumulador.
Apesar de atrair os olhares pelas pilhas de coisas acumuladas por todos os cômodos da casa, essa compulsividade é definida como um distúrbio mental. Desse modo, se não for tratada, pode causar grandes prejuízos de ordem psicológica, levando ao isolamento social. Por isso, é importante ficar atento aos principais sintomas do Transtorno de Acumulação e como ajudar quem sofre com esse quadro.
O cérebro acumulador
Relacionada à característica mais marcante do transtorno, o acúmulo exagerado e persistente de diversos itens também está associado a um sintoma que deve ser destacado tanto quanto aos montes de objetos acumulados: o desconforto em tomar a decisão de jogar os pertences fora. “Este padrão de comportamento se traduz em uma grande dificuldade em se desfazer de utensílios e objetos, mesmo aqueles sem qualquer significado ou valor estimativo”, explica o psiquiatra Rodrigo Pessanha.
E esse traço do distúrbio pode significar muito mais do que uma simples dificuldade comportamental. Foi o que provou o estudo mais recente sobre o tema publicado em 2012 na revista científica Archives of General Psychiatry. Dando uma explicação neurológica para o desenvolvimento do quadro, os pesquisadores concluíram que a comunicação no sistema nervoso de acumuladores compulsivos não ocorre normalmente.
Eles compararam exames de ressonância magnética do cérebro de pessoas com e sem o distúrbio, e o resultado sugeriu algumas alterações na região anterior do encéfalo (principalmente em estruturas como o córtex cingulado e a ínsula). Essas diferenças, segundo os cientistas, seriam a causa das falhas em tomar decisões e o receio de optar por escolhas erradas, além de justificar o apego aos acúmulos.
LEIA TAMBÉM
Texto: Giovane Rocha/Colaborador – Entrevista: Érica Aguiar
Consultoria: Rodrigo Pessanha, psiquiatra