Como uma parte do processo evolutivo do ser humano (e de animais também) que ajudou a garantir a conservação da espécie, a ansiedade é uma emoção normal e ajustável de acordo com diversos fatores. “Ela nos ajuda a lidar com as situações difíceis, desafiadoras ou perigosas”, afirma a mestre em psiquiatria Thais Rabanéa.
Segundo a especialista, os reflexos da ansiedade pelo corpo (reações autonômicas, endócrinas e motoras) auxiliam na sobrevivência frente à qualquer situação ameaçadora. Além disso, Thais ressalta que o sentimento “atua na tarefa de fazer previsões de um futuro incerto e planejar as nossas ações de acordo com essas antecipações, contribuindo para importantes funções cognitivas, como a tomada de decisão”.
Quando é um transtorno
Por um lado, com toda a influência na sobrevivência do indivíduo, a ansiedade aparenta ter um aspecto muito positivo para o ser humano. Mas, como tudo em exagero acaba por atrapalhar mais do que ajudar, essa reação também tem a capacidade de prejudicar tanto fisiologicamente quanto psicologicamente, evoluindo para um transtorno de ansiedade generalizada (TAG), ou outros derivados dos mesmos sintomas (síndrome do pânico, fobias, distúrbios compulsivos, etc). “Muitas vezes, a pessoa foge sem saber do que está com medo e, assim, entra no campo da ansiedade patológica”, destaca Alfredo.
Se parar para observar as rotinas de pessoas próximas à você, perceberá que esse tipo de distúrbio não é chamado de “o mal do século” sem motivos. “As cobranças sociais constantes somadas às expectativas individuais, responsabilidades e sensação de despreparo para lidar com situações, além das distorções de angústias inconscientes são alguns geradores dos quadros ansiosos patológicos”, elenca o psicólogo clínico Roberto Renzi.
Por fim, é importante ressaltar a dimensão desse tipo de transtorno e não julgá-lo como um nervosismo qualquer e passageiro, uma vez que pode gerar crises, as quais, gradualmente, causam diversos prejuízos na vida do paciente. “Nesses casos, os critérios diagnósticos para transtornos ansiosos podem ser preenchidos, e o psicólogo e o médico psiquiatra deverão ser consultados”, alerta Thais.
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Consultorias: Alfredo Simonetti, psiquiatra e professor titular de psicologia médica do curso de medicina do Centro Universitário São Camilo, em São Paulo (SP); Reinaldo Renzi, psicólogo clínico; Thais Rabanéa de Souza, mestre em psiquiatria, psicologia médica e especialista em neuropsicologia.
Texto e entrevistas: Giovane Rocha/Colaborador – Edição: Augusto Biason/Colaborador