Em muitos casos, é comum que uma doença esteja diretamente relacionada à outra, a exemplo da obesidade e do diabetes. No entanto, quando se fala em aneurisma, é preciso ter cuidado com algumas colocações. A hipertensão, por exemplo, pode facilitar a ruptura de um aneurisma já existente, porém ela não é a única responsável pelo aparecimento do problema. “Embora a maioria dos casos se trate de alteração congênita, há fatores que podem facilitar a rotura do aneurisma, como hipertensão arterial e tabagismo. Pode, ainda, haver vários casos de aneurisma em uma mesma família”, frisa a neurologista do Hospital Bandeirantes, Sandra Mathias. A seguir, saiba como cada distúrbio pode afetar as paredes dos vasos sanguíneos.
Diabetes
A doença possui dois tipos comuns: o 1, que é caracterizado pela não produção de insulina — hormônio responsável por converter o açúcar em energia para o corpo — pelo pâncreas e atinge, principalmente, crianças e adolescentes. Já o tipo 2 acontece quando o pâncreas produz insulina, no entanto, não a aproveita da forma adequada, ou seja, não consegue metabolizar a glicose presente na corrente sanguínea. “O tipo 1 acontece quando há a ausência completa da produção de insulina por um mecanismo autoimune, que destrói as células que a fabricam. O tipo 2 consiste em uma redução do efeito da insulina, causado, principalmente, pela obesidade e pelo sedentarismo”, completa o clínico geral Paulo Camiz.
Assim que diagnosticado o problema, é preciso tomar as devidas medidas para controlar as taxas de glicemia, já que um diabetes mal controlado é fator de risco para se ter um derrame. Isso porque a doença ajuda a enrijecer a artéria, prejudicando o fluxo sanguíneo e, nesse caso, pode facilitar o rompimento de um aneurisma, que pode ser responsável pelo acidente vascular cerebral hemorrágico (AVCH), quando a artéria se rompe e o sangue se espalha para os tecidos, danificando as células do cérebro.
Hipertensão arterial
Popularmente conhecida como pressão alta, o problema atinge cerca de 30% da população adulta, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e é considerada uma doença sem cura, porém com tratamento. “Uma vez que o diagnóstico é feito, o tratamento é para o resto da vida. Com o tempo, os procedimentos podem mudar, trocando os medicamentos, adicionando um ou excluindo o outro. Às vezes, uma dieta equilibrada passa a ser o suficiente para controlar o problema, sem a necessidade de medicação”, salienta a cardiologista Andrea Brandão.
O problema ocorre quando a pressão arterial está descontrolada. Nessa condição, ela ataca os vasos sanguíneos, o coração, os rins e o cérebro. Isso se explica porque os vasos possuem uma camada muito sensível, que é machucada quando o sangue está circulando com uma pressão elevada. No momento em que isso acontece, eles ficam rígidos e estreitos podendo, com o tempo, entupir ou estourar. Uma pessoa que já possui um aneurisma pode ter o seu rompimento facilitado pela elevação da pressão arterial. “Se a pessoa tem uma alteração na parede do vaso, tudo que o machuca piora a evolução do aneurisma. Imagine só: se você tem uma mangueira com uma bolha (aneurisma) e aumentar muito a pressão dentro dela, a chance da bolha estourar é muito maior. Estresse, tabagismo, sedentarismo… Tudo isso piora o risco de complicar um aneurisma que nasceu com você ou até de desenvolver um aneurisma que não é congênito. Então, a pressão alta descontrolada pode ter uma complicação chamada microaneurisma, ou seja, a pressão fica alta por tanto tempo que os vasos começam a ficar meio frouxos. Eles não são tão grandes, mas podem romper o vaso e propiciar o acidente vascular cerebral hemorrágico”, explica o neurologista Leandro Teles. “A pressão arterial não controlada mais do que dobra o risco de desenvolver um aneurisma e, uma vez desenvolvido, que ele rompa”, conta Paulo Porto de Melo, neurocirurgião.
Colesterol
Ele pode ser definido como uma composição de hormônios que atua na cicatrização e em reservas energéticas formando a camada gordurosa. “É um tipo de gordura que se encontra ligada a proteínas, presente na corrente sanguínea. As proteínas mais famosas são LDL (lipoproteína de baixa densidade) e HDL (lipoproteína de alta densidade)”, explica o cardiologista Américo Tângari. O colesterol é essencial ao organismo, no entanto, o problema acontece quando ele está em doses elevadas no sangue. O aumento dele faz com que a gordura seja acumulada nas paredes das artérias, dificultando o fluxo sanguíneo. Com o coração trabalhando mais para manter esse fluxo, a pressão do sangue aumenta e, consequentemente, as chances do rompimento de um aneurisma também.
Texto: Redação Alto Astral
Consultoria: Américo Tângari e Andrea Brandão, cardiologistas; Leandro Teles, neurologista; Paulo Camiz, clínico geral; Paulo Porto de Melo, neurocirurgião; Sandra Mathias, neurologista
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