Desde a identificação do Alzheimer, há mais de 120 anos, até os dias de hoje muitos estudos científicos foram conduzidos. Contudo, nenhum deles conseguiu identificar quais são os fatores exatos para o desenvolvimento da doença.
O que se sabe até agora é que se trata de um distúrbio neurodegenerativo pois, ao se desenvolver, causa atrofia no cérebro de uma forma geral. “É uma doença que evolui, destruindo as funções mentais, fazendo com que o paciente perca sua capacidade de memória e raciocínio”, resume o neurologista André Gustavo Lima.
Pouco a pouco, ocorre a morte de células nervosas em todo o cérebro, que progressivamente dificultam a produção de certos neurotransmissores importantes para a realização de sinapses – as conexões entre os neurônios. “Com isso, o cérebro vai encolhendo, causando demência, prejudicando a memória em primeira instância e provocando outros efeitos”, acrescenta o neurocientista Aristides Brito.
Desaparecendo
Para entender melhor como acontece esse atrofiamento no cérebro, vamos mais a fundo. As células mais especializadas, localizadas no córtex cerebral, são as que mais rapidamente definham. O córtex é a parte mais externa do órgão; seus neurônios, encarregados de conectar o momento presente ao passado, vão desparecendo com a progressão do distúrbio. Com isso, surge a dificuldade do paciente em lidar com tarefas do dia a dia.
“Depois, neurônios da região parietal (relacionados à noção de espaço e localização) e regiões subcorticais (ligadas ao controle do bem-estar pessoal, reconhecimento facial de pessoas, memórias imediatas) são igualmente perdidos”, destaca o neurologista Martin Portner.
O córtex, essa parte mais exterior do cérebro, encolhe como um todo. Porém, no hipocampo, área responsável por novas memórias, esse encolhimento é mais grave, segundo Aristides Brito. “Por fim, os ventrículos vão ficando maiores, o que diminui a capacidade de processamento do órgão. As partes do cérebro vão fibrilando, gerando placas de proteínas que dificultam suas operações em geral”, pontua o Aristides Brito.
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Consultorias: André Gustavo Lima, neurologista, membro do Departamento Científico de Doppler Transcraniano da Academia Brasileira de Neurologia e membro do Departamento Científico de Acidente Vascular Cerebral da mesma instituição; Fernanda Terribili, geriatra da clínica Doktor’s, em São Paulo (SP); Martin Portner, neurologista, mestre em neurociência pela Universidade de Oxford, escritor e palestrante; Suyen A. Miranda; gerontóloga da Velhice Com Carinho.
Texto e entrevistas: Ricardo Piccinato – Edição: Augusto Biason/Colaborador