Um dos maiores baldes de água fria científicos na busca pela cura da AIDS aconteceu em 2003. Após três anos de testes e mais de cinco mil pessoas vacinadas em quatro países diferentes, a AidsVax – desenvolvida por um laboratório americano – não demonstrou ser eficaz contra o HIV. Os resultados positivos, esperados em até 30% de eficácia, foram ínfimos e ficaram dentro da margem de erro. Trata-se de mais uma demonstração da dificuldade de combater esse vírus mutante, que adquire variações e subtipos em cada localidade, complicando ainda mais seu combate.
Cura da AIDS: estudos atuais
Por conta dessa mutabilidade, os atuais estudos brasileiros no ramo das vacinas procuram focar no perfil do HIV em território nacional e na resposta imunológica que os brasileiros oferecem ao vírus.
Alguns dias antes da abertura da Conferência Internacional da AIDS de 2014, outra notícia decepcionante. Um caso apelidado de “menina do Mississipi” estava entusiasmando médicos do mundo todo: uma bebê, filha de uma portadora do HIV que não participou de nenhum tratamento durante a gestação, recebeu 30 horas após seu nascimento uma dose enorme de antirretrovirais. Ela parou de tomar a medicação aos 18 meses e, mesmo assim, não demonstrava traços do vírus – até ele ser novamente detectado quando a menina completou quatro anos.
Só que a conferência também trouxe novidades bem interessantes. É que, quando um antirretroviral age inibindo a multiplicação do HIV, o vírus se “esconde” em algumas células. Os cientistas anunciaram no evento que conseguiram, por meio de um anticancerígeno, localizar esses vírus que estavam “hibernados”. Ò próximo passo é saber se todos os vírus foram localizados e descobrir como destruir essas células nas quais eles se escondem.
Mas um dos casos recentes que mais impressionaram no que diz respeito à cura da AIDS foi o de um americano. Ele utilizou em seu tratamento contra a leucemia células-tronco de um doador que era também portador de uma raríssima mutação genética que o tornava imune ao HIV.
Assim, três anos após o tratamento, o paciente americano não apresentava mais traços do vírus. Embora impressionante, os especialistas ligaram o alerta: primeiramente porque trata-se de um procedimento agressivo e dificílimo, que só pôde ser aplicado porque o paciente possuía AIDS e câncer. E segundo porque a mutação genética do doador é algo bem raro de se encontrar.
Consultoria: Sumire Sakabe, infectologista do Hospital Nove de Julho
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