A endometriose é uma doença caracterizada pela presença de uma textura semelhante a do endométrio (tecido que reveste internamente o útero) fora da cavidade uterina. Acomete principalmente órgãos pélvicos, como ovários, trompas, intestino, parede do útero, bexiga, peritônio, vagina e colo. Estima-se que atinja de 7% a 14% das mulheres em idade reprodutiva, sendo uma das principais causas de dor pélvica. Apesar de ser uma doença benigna, tem alta morbidade, pois o quadro, doloroso, pode ser às vezes incapacitante, o que leva em muitos casos a intenso desgaste físico e mental, com grande comprometimento da qualidade de vida, tanto no aspecto profissional quanto emocional e afetivo. Saiba quais são os principais riscos da endometriose e como a doença pode prejudicar a gravidez!
Principais problemas e sintomas
Além do quadro doloroso, ela pode levar, por diferentes mecanismos, à infertilidade, chegando a estar presente em cerca de 25% a 50% das mulheres inférteis. Mesmo com técnicas de reprodução assistida, pacientes com endometriose têm menor taxa de gravidez do que as que não apresentam a doença. O tratamento pode promover importante melhora do quadro doloroso, qualidade de vida e fertilidade. Há várias opções de tratamento clínico e cirúrgico e a escolha da melhor opção sempre foi muito controversa, devendo ser individualizado caso a caso. Os sintomas incluem: cólicas menstruais intensas e dor durante a menstruação, dor pré-menstrual, dor durante as relações sexuais, dor crônica na região abdominal, dificuldade para engravidar, alterações intestinais e urinárias durante a menstruação. A sensação de exaustão e a fadiga crônica também podem aparecer.
Endometriose e dor
Quando a paciente não deseja engravidar, um dos maiores objetivos do tratamento da endometriose é melhorar a qualidade de vida, uma vez que a doença está associada a muita dor, algumas vezes, incapacitante. A cirurgia sempre foi considerada o padrão ouro para tratamento da dor associada à endometriose. Entretanto, considerando que os tratamentos clínicos evoluíram muito, a tendência atual é iniciar com o tratamento clínico e, se não houver melhora, optar pelo tratamento cirúrgico.
E a infertilidade?
Já está estabelecido que a endometriose prejudica a fertilidade. Isso se deve às alterações anatômicas na pelve (às vezes com grande distorção da anatomia), o processo inflamatório provocado (prejudicial ao óvulo e espermatozóide, diminuindo as taxas de fertilização), resistência dos ovários (que necessitam de mais medicação para estimulá-los e produzem menos óvulos), além de alterações endometriais, que prejudicam a fecundação.
A endometriose está presente em 25% a 50% das mulheres inférteis, e sua ocorrência afeta os resultados gestacionais mesmo com técnicas de reprodução assistida
Já se a paciente vai ser submetida a técnicas de reprodução assistida de alta complexidade, ou seja, fertilização in vitro (FIV), em geral, opta-se por não operar, principalmente se a endometriose for no ovário, pelo risco de prejudicar a reserva ovariana. Nesses casos, recomenda-se tratamento clínico hormonal por três meses, antes da FIV, melhorando, assim, a chance de sucesso.
Riscos durante a gravidez
Sempre se acreditou que a endometriose melhorava com a gravidez, que após ter sido conseguida, não apresentava riscos. Porém, uma recente publicação da revista internacional Fertility & Sterility, em outubro de 2017, demonstrou que a endometriose pode, sim, ser prejudicial. Os pesquisadores avaliaram 24 estudos publicados, incluindo 1.924.114 mulheres, comparando os resultados obstétricos daquelas que tinham endometriose com outras sem a doença. Os autores demonstraram que pacientes com endometriose têm risco aumentado de aborto, placenta prévia, parto prematuro, sofrimento fetal e necessidade de cesária, se comparadas a mulheres sem endometriose.
As razões apontadas incluem o fato de que a endometriose causa um processo inflamatório intenso e as citocinas inflamatórias provocam alteração no miométrio (músculo da parede do útero), aumentando o risco de abortos, parto prematuro e alterações placentárias. Além disso, apesar de não ser frequente, a endometriose pode sangrar na gravidez causando hemorragias, assim como levar a perfuração da bexiga ou intestino, quando acomete esses órgãos.
Texto: Redação Alto Astral | Fontes e autores do artigo científico original: Arnaldo Schizzi Cambiaghi, especialista em reprodução humana e diretor do Centro de Reprodução Humana do IPGO (Instituto Paulista de Ginecologia e Obstetrícia); Rogério Leão, especialista em ginecologia e obstetrícia, e membro da equipe do IPGO.
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