Entre 2006 a 2015, ocorreram 65 gestações a cada mil jovens na faixa etária de 15 a 19 anos, segundo dados de 2017 do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), tornando o Brasil o sétimo no ranking de pais adolescentes na América Latina (empatando com o Peru e Suriname). Os fatores que causam esse índice, além da dificuldade das garotas de baixa renda em terem acesso aos serviços de saúde, é a carência na educação sexual e a falta de orientação dos pais.
A educação é o melhor método
“Levar conhecimento aos jovens por meio de ações educativas, mostrar que existem métodos contraceptivos e indicar que eles têm acesso a diversas alternativas são medidas que podem reduzir o número de gravidez em adolescentes”, aponta César Fernandes, professor da disciplina de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina do ABC e presidente do SOBRAC.
“Não é só responsabilidade dos jovens. Os pais, educadores e os próprios médicos podem e devem orientá-los sobre como evitar uma gravidez precoce e quais as consequências acarretadas”, explica o médico.
A educação deve começar desde cedo, tratando o assunto da reprodução humana com naturalidade e sem preconceitos. A seguir, por volta dos 9 ou 12 anos, quando os filhos tiverem em pleno desenvolvimento das suas características sexuais, a conversa pode seguir para a conscientização dos riscos de uma gravidez indesejada (e as consequências de tornarem-se pais adolescente) das doenças sexualmente transmissíveis.
Além disso, no caso de mulheres, uma visita ao ginecologista pode ajudar muito os pais. “É uma boa oportunidade para se falar de iniciação sexual, de sexo seguro e de contracepção”, ressalta César.
Pais adolescentes
Para Afonso Nazário, professor e chefe do Departamento de Ginecologia da Unifesp, ao prevenir uma gestação, os jovens podem evitar um impacto social e psicológico em uma fase importante da vida deles, na qual estudo e lazer devem ser priorizados. “A gravidez não planejada neste período também pode levar a frustrações e dificuldades na formação profissional e na inserção tardia no mercado de trabalho”, ressalta o especialista.
Se não for possível evitar, César Fernandes lembra que “o mais importante nestas circunstâncias é oferecer apoio incondicional aos pais adolescentes, para minimizar os danos que certamente virão com o transcorrer desta gravidez”.
Forçar o casamento pode não ser uma opção. “Casamentos decididos desta maneira costumam fracassar e durar muito pouco tempo”, lembra o professor. Tudo vai depender do vínculo afetivo do jovem casal, a maneira como ambos encaram esta questão e a estrutura emocional e financeira da família.
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Texto: Redação Papo Feminino / Edição: Camila Ramos/Colaboradora
Consultoria: César Eduardo Fernandes, médico e professor livre docente da Disciplina de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina do ABC e presidente do Conselho Científico da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC). Afonso Nazário, Professor Livre-Docente e Chefe do Departamento de Ginecologia da UNIFESP.