Para explicar as bases da sexualidade humana, Freud recorreu a Édipo Rei, uma tragédia grega escrita por Sófocles no século 4 a.C.. No enredo, o personagem principal (Édipo) tem seu destino traçado pelos deuses: sem saber, assassinaria seu pai, Laico, para se casar com sua mãe, Jocasta.
A partir da história, o psicanalista criou o chamado Complexo de Édipo, um termo que define os desejos amorosos que o filho nutre por sua mãe durante uma fase de seu desenvolvimento – geralmente, dos três aos seis anos.
De acordo com Freud, nesse período da vida, o menino direciona toda sua libido para a mãe (sua provedora). Entretanto, desenvolve a noção de que as atenções dela precisam ser divididas com outra figura masculina, ou seja, o pai. Nesse momento, motivado pelo ciúme, o id da criança deseja a morte ou a eliminação do pai; já o ego sabe que seu “concorrente” é mais forte e, portanto, não conseguirá vencer esse embate.
Como consequência, o inconsciente do menino vive um confuso sentimento de raiva e respeito pelo seu genitor. Nas mulheres, essa vontade é reconhecida no Complexo de Electra, outra personagem da cultura grega que também manifesta o desejo em eliminar a rival, no caso, a mãe.
Inicialmente, esse “conflito” pode impressionar pela violência dos sentimentos, mas é considerado fundamental para a construção e organização da personalidade de cada pessoa. Além de proporcionar uma oportunidade de se distanciar da onipotência causada pela relação com a mãe, “ainda está associado à percepção da diferença entre os sexos e o reconhecimento da autonomia dos pais, possibilitando o início de uma autonomia própria”, como explica a psicóloga especialista em sexualidade Roberta Baccarim de França.
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Texto e entrevista: Thiago Koguchi – Edição: Giovane Rocha/Colaborador
Consultoria: Roberta Baccarim de França, psicóloga especialista em sexualidade