Uma tragédia aconteceu no último final de semana em São Vicente, no litoral do estado de São Paulo. Gustavo Riveiros Detter, de 13 anos, estava em casa no sábado (15.10) e se enforcou – com uma corda – em jogo transmitido na internet durante uma brincadeira perigosa conhecida como The Chocking Game, ou Jogo da Asfixia.
Gustavo Riveiros Detter, o garoto que morreu asfixiado / Fonte: Reprodução
Entenda o caso
O garoto estava jogando League of Legends e, ao perder uma partida, resolveu fazer o desafio do Jogo da Asfixia, em que os participantes usam cordas, lenços, cintos, ou até a ajuda de amigos, para interromper o fluxo de oxigênio. Quem pratica este ato acaba desmaiando e, ao retornar, sente uma sensação de euforia muito próxima a que entorpecentes proporcionam para usuário de drogas.
Gustavo Riveiros Detter usou uma corda especializada em pendurar saco de areia para treino de lutas, com o boxe. Ele estava fazendo uma transmissão online do Jogo da Asfixia e outros três adolescentes o assistiam. Eles perceberam que Gustavo não estava acordando do desmaio e não se mexia, então, os garotos alertaram uma prima do menino, que estava no quarto ao lado do dele. Ela chamou ajuda ao encontrar o primo desacordado.
O SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foi acionado às 22h40 e, ao chegar na residência de Gustavo, fez os primeiros socorros e encaminhou o garoto para o Hospital Municipal de São Vicente. O menino ficou internado até às 5h30 de domingo (16.10), quando seguiu para o Hospital Ana Costa, em Santos, cidade próxima de São Vicente, mas não resistiu e faleceu às 08h00.
Os três garotos que assistiam a transmissão já foram identificados, mas terão suas identidades preservadas por serem menores de 18 anos.
Na madrugada do domingo (16.10) aconteceu o velório do garoto, que foi sepultado na segunda (17.10), no Memorial Necrópole Ecumênica, em Santos.
The Chocking Game ou Jogo da Asfixia
O Jogo da Asfixia, mais conhecido com The Chocking Game, é uma prática conhecida internacionalmente, mas que apresenta riscos sérios de perigo de morte. Nos últimos três anos, 80 pessoas morreram ao realizar o ato.
Ele consiste em cortar o suprimento de oxigênio para o cérebro utilizando qualquer artifício que o interrompa. A sensação de euforia que o retorno do desmaio proporciona é comparado ao uso de drogas sintéticas.
Em setembro de 2016, na Carolina do Sul, no Estados Unidos, um garoto de 11 anos faleceu através do mesmo jogo que matou Gustavo.
Confira a reportagem abaixo, feita pelo SBT, que explica melhor o tal “jogo”:
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Alerta para pais e professores
O delegado do caso, Carlos Scheiner, declarou que a prática é “uma situação que deve manter família e escola atentas, em todos os sentidos. Existem sinais muito importantes que pais, amigos e educadores podem observar e compartilhar entre si, como marcas no pescoço, olhos muito avermelhados, dores de cabeça constantes e desorientação quando o jovem fica muito tempo sozinho no quarto, mexendo no computador. Também é importante saber onde estão cintos, panos, cordas, e se esses objetos foram encontrados dentro do quarto”.
Marcos Riveiros, tio materno de Gustavo, disse que mexeu no celular do sobrinho e relatou que era comum a “brincadeira” de enforcamento. O tio também explicou que é inaceitável que isso tenha acontecido antes e se pergunta desde quando isso acontece na escola e nas casas desses garotos. Marcos também argumentou que adolescentes recebem incentivos de vídeos na internet e que, aos 13 anos, nenhum garoto consegue fazer juízo de valor ou de risco. De acordo com Marcos, Gustavo era um “bom aluno e um amor de menino“.
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