No primeiro dia de 2014, os estados norte-americanos do Colorado e de Washington colocaram em prática a legalização do consumo aberto a maiores de 21 anos e o comércio da cannabis – o cultivo, a distribuição e o marketing da maconha serão monitorados pelo governo. À época, a regulamentação chamou a atenção do mundo pelo pioneirismo, vista também como uma tentativa de diminuir o poder do comércio ilegal de drogas.
Saldo positivo
Até novembro de 2016, 23 estados norte-americanos permitiam o uso medicinal da maconha (atualmente são 28) e 5 territórios haviam regulamentado o consumo (hoje são nove). Ao todo, esses lugares movimentaram cerca de US$ 5,4 bilhões em 2015 (em 2014, foram US$ 4,6 bilhões), de acordo com a ArcView Group e a New Frontier, duas empresas especializadas na coleta de informações relacionadas à maconha. Desse montante, a venda total de maconha para uso não medicinal somou cerca de US$ 998 milhões – em 2014, foram pouco mais de US$ 350 milhões. As estimativas totais são baseadas na arrecadação de impostos e nas informações sobre a venda tanto para uso medicinal quanto recreativo. E a estimativa é que esse amplo comércio movimente US$ 21,8 bilhões em 2020.
Os pioneiros apresentaram resultados significativos. O Departamento da Receita do Colorado anunciou que, entre julho de 2014 e junho de 2015, arrecadou US$ 70 milhões em impostos sobre a venda de maconha, US$ 28 milhões a mais do que com a venda de bebidas alcoólicas no mesmo período. Doze meses após a legalização, o estado de Washington acumulou cerca de US$ 83 milhões de taxação.
Números expressivos
Se a arrecadação cresceu, a criminalidade diminuiu. O número de detenções por conta de posse ou outro tipo de violação em relação a drogas no estado de Washington diminuiu 63%, e as condenações relacionadas à maconha caíram 81%. O menor número de detenções causou também a queda na utilização de serviços judiciais, o que contribuiu para a economia de recursos. Dados divulgados pelo governo da cidade de Denver, capital do Colorado, mostram que crimes violentos caíram 2,2% nos 11 primeiros meses de 2014 se comparados com o mesmo período de 2013. Os casos de roubo tiveram queda de 9,5% e crimes relacionados à propriedade diminuíram 8,9%.
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Texto: Thiago Koguchi Edição: Angelo Matilha Cherubini