Drogas, aborto e suicídio são temas atuais que sempre levantam polêmica nos mais variados círculos de discussão. A seguir, descubra como o Budismo entende essas práticas.
Como o Budismo aborda o assunto “drogas”?
“Todas as emoções inúteis são ou neutras ou negativas. O que é neutro, por ser perda de tempo, é negativo. Porém, não é porque o Buda disse que álcool não ajudava você que você deve abandonar o álcool. Você deve abandonar o álcool porque você mesmo percebe que é inútil, neutro ou negativo. Você pode experimentar seguir, por algum tipo de obediência, o que o Buda disse, mas enquanto você estiver obedecendo a preceitos, você não está praticando o Budismo. Você está praticando quando você mesmo, por você mesmo, reconhece o que é negativo e o abandona. Mas isso exige um comprometimento muito grande de não ser crédulo e apenas cegamente acreditar nas próprias opiniões. Você precisa exercer grande imparcialidade e ceticismo quanto a seus próprios impulsos e ideias. Você talvez deva fazer isso com 1% mais de intensidade do que você faz com as próprias palavras do Buda, e isso vai ser uma demonstração de grande fé e desprendimento. Da mesma forma que com o álcool, você deve examinar como alterar sua mente é uma forma de se engajar em cheap thrills, emoções inúteis. Mesmo a meditação equivocada, tentando alterar o que quer que seja em sua mente, deve ser abandonada. Mas você só deve abandonar o que você, por si mesmo e diretamente, por meio de um compromisso intenso consigo mesmo – o que, deve-se dizer, é extremamente raro – reconhece como inútil, neutro ou negativo.”
Qual é a opinião do Budismo sobre a legalização do aborto?
“O Budismo sustenta que não há comprovação sobre a natureza ou qualidades da consciência, ou o que definiria um assassinato nesse caso. Na dúvida, para defesa de um possível inocente, o Budismo é contra o aborto e contra a legalização do aborto. Também pela defesa de mães que, acreditando estarem operando livremente, operam de acordo com considerações aleatórias que podem mudar rapidamente, e assim produzir grande arrependimento. De toda forma, se os cientistas explicarem o que é consciência, e quando ela começa – como ela está vinculada ao sistema nervoso, e assim por diante – além de teorias como emergentismo, etc., mas uma comprovação efetiva, então o Budismo poderia aceitar o aborto daquele tecido que não apresentasse consciência. Os cientistas e o Budismo concordam que, embora se possa medir certas qualidades elétricas no tecido, nenhuma delas pode ser atribuída, sem sombra de dúvida, a uma possibilidade ou não de haver sofrimento ali. Na dúvida, preserva-se o tecido. Embora os cientistas queiram apresentar o emergentismo ou o fisicalismo em geral como verdades científicas, eles carecem ainda de comprovação, e a crença injustificada na ciência não é efetivamente diferente de qualquer outra crença injustificada.”
Na visão budista, o que acontece com quem comete suicídio?
“O destino das pessoas que cometem suicídio é o inferno, e embora esse inferno dure muito tempo, não é permanente, e num determinado momento a pessoa para de vivenciá-lo. Porém, ainda terá grande dificuldade de obter novamente um renascimento humano – mas isso eventualmente pode acontecer dentro de alguns milhares de renascimentos em condições de sofrimento maiores do que as do reino humano. É bom lembrar que o Budismo não tem em mente que o Buda seja responsável por essa punição, ou que isso seja invenção do Budismo. Apenas se está relatando algo que se conhece por meio da prática de meditação, quando um praticante lembra de vidas passadas, ou quando conhece as vidas passadas de uma outra pessoa.”
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Consultoria: Padma Dorje, site http://tzal.org
Edição: Beatriz Albuquerque | Designer: Deicimar Machado