Gilberto Braga faleceu ontem, aos 75 anos, deixando um legado inestimável para televisão brasileira. Crítico social dos bons e dono de uma linguagem moderna e ferina, o autor de novelas da Rede Globo construiu, ao longo de mais quatro décadas de trabalho, uma carreira de sucesso e prestígio.
Suas tramas se destacaram, sobretudo, pelas personagens femininas marcantes e de pulso firme. Vilãs ou guerreiras, mocinhas românticas ou prostitutas de bom coração, heroínas de época ou empresárias contemporâneas, todas elas pareciam falar diretamente com o público. Despertaram amor e ódio, mas jamais indiferença. Entre tantas mulheres interessantes, selecionamos 10 difíceis de esquecer:
Júlia - Dancin' Days (1978)
A ex-presidiária que come o pão que o diabo amassou para reconquistar o amor da filha e consegue dar a volta por cima é, sem dúvida nenhuma, a personagem mais emblemática da obra de Gilberto Braga. Mesmo quem não acompanhou a novela já viu, pelo menos uma vez, a cena em que Júlia Matos (Sônia Braga) arrasa de top e calça vermelha na pista de dança.
Yolanda - Dancin' Days (1978)
Irmã de Júlia Mattos, a socialite vivida por Joana Fomm foi outro destaque da trama. Arrogante e interesseira, sente um amor incondicional por Marisa (Glória Pires), a sobrinha que cria como filha. O embate entre as duas irmãs, na sequência final de Dancin' Days, é uma das cenas antológicas da TV brasileira.
Raquel - Vale Tudo (1988)
Honesta, trabalhadora, leal aos próprios princípios e valores. Raquel (Regina Duarte) representou a típica mulher brasileira que dá duro para conquistar um lugar ao sol sem pisar na cabeça de ninguém. Até hoje, a personagem é lembrada como um ícone da dignidade.
Maria de Fátima - Vale Tudo (1988)
Ao contrário da mãe, Raquel, a moça só pensa em garantir uma vida milionária sem precisar fazer o mínimo esforço. Amoral, fria e perversa, Maria de Fátima (Gloria Pires) foi a vilã que o Brasil inteiro amou odiar.
Odete Roitman - Vale Tudo (1988)
Interpretada por Beatriz Segall, a maior vilã da teledramaturgia nacional dispara horrores em pleno horário nobre sobre as pessoas das classes menos favorecidas. Acabou assassinada e fez com o que o Brasil, país que tanto desprezava, interrompesse suas atividades normais para descobrir quem a matou.
Lurdinha - Anos Dourados (1986)
A minissérie ambientada no Rio de Janeiro nos anos 1950 contava a história do amor proibido entre Lurdinha (Malu Mader) e Marcos (Felipe Camargo). Ela tinha pais rígidos e conservadores, enquanto o rapaz era filho de pais separados - um escândalo para a época. Entre encontros e desencontros, as cenas delicadas de romance entre os dois fisgaram o público.
Heloísa - Anos Rebeldes (1992)
Defendida com garra e paixão por Claudia Abreu, a trajetória de Helô na minissérie que tratou dos anos de chumbo no Brasil ofuscou até o par principal do enredo. Garota rica e mimada, ela dá uma guinada ao se envolver com a luta armada. A morte da personagem, sob uma saraivada de tiros, segue icônica.
Bebel - Paraíso Tropical (2007)
Quem tem acompanhado a reprise no Canal Viva certamente já seu conta: embora as gêmeas Paula e Taís (interpretadas por Alessandra Negrini) sejam o fio condutor da trama, quem se destaca para valer na história é a prostituta vivida por Camila Pitanga. Como não amar os bordões "Sou uma mulher de catiguria" e "Que boa ideia esse casamento primaveril em pleno outono"?
Laura - Celebridade (2003)
Com carinha de anjo e mente diabólica, Laura Prudente da Costa (Claudia Abreu) traça um plano maquiavélico para roubar, pouco a pouco, a vida de sucessos e glórias de Maria Clara Diniz (Malu Mader). De quebra, ainda formou uma dupla sexy com Marcos (Márcio Garcia). Os dois se chamavam de "cachorra" e "michê", lembra?
Maria Clara - Celebridade (2003)
A empresária bem-sucedida do meio musical que tem a vida e a carreira arruinadas pela rival foi representada pela beleza de elegância de Malu Mader. Com Claudia Abreu, ela formou a dupla de musas queridas de Gilberto Braga. A sequência em que as duas, amigas na vida real, se engalfinham no chão do banheiro da boate lavou a alma dos telespectadores.