Mesmo a ciência esclarecendo muitas questões desconhecidas sobre a relação entre o zika vírus e a microcefalia, é natural que ainda restem algumas perguntas. Confira algumas respostas:
1. Como o vírus é transmitido da mãe para o bebê?
Esse é um dos aspectos que ainda não estão totalmente esclarecidos na relação entre o zika e a microcefalia. No entanto, um estudo com gestantes cujos bebês foram diagnosticados com microcefalia ainda no útero descobriu a presença do micro-organismo no líquido amniótico, que envolve o bebê dentro da barriga.
Assim, uma hipótese bastante viável é a de que depois de entrar na corrente sanguínea da mãe o vírus atravesse a barreira placentária – responsável por proteger o bebê de infecções e é formada por vasos tanto da mãe como do feto – e concretize a contaminação.
2. Existe um período da gestação em que a contaminação pelo zika vírus apresenta riscos maiores ou menores?
Sabe-se que o primeiro trimestre de gravidez é sempre o mais delicado, e isso em qualquer situação, independentemente do zika. Nesse período há uma queda na imunidade da gestante, o que amplia as chances de o vírus, seja ele qual for, ultrapassar a barreira placentária. Apesar disso, recomenda-se que as mulheres redobrem os cuidados por todo o período de gravidez.
3. Além da microcefalia, a infecção intrauterina por zika vírus pode causar outros danos ao bebê?
Já foram relatados casos de outras malformações cerebrais e de tronco encefálico como a lisencefalia (também conhecida como Síndrome de Miller-Dieker, na qual a criança nasce com o cérebro “liso”, sem os sulcos e reentrâncias normais) e calcificações, além de alterações de fundo de olho e, consequentemente, da visão.
4. Quais são as consequências da microcefalia?
A ocorrência de microcefalia, por si só, não determina a existência de sintomas neurológicos. Crianças com perímetro cefálico abaixo da média podem ser cognitivamente normais, sobretudo se a microcefalia for de origem familiar. Contudo, em 90% dos casos de microcefalia há comprometimento intelectual variável.
Além disso, pode associar-se a atraso no desenvolvimento neurológico (motor e cognitivo), epilepsia, espasticidade (rigidez), alterações de comportamento, dificuldade de sucção e deglutição, prejuízo às funções sensitivas (audição e visão), além de outras complicações.
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Texto e entrevistas: David Cintra – Edição: Giovane Rocha/Colaborador
Consultorias: Marcela Amaral Avelino Jacobina, neurologista da Amato Instituto de Medicina Avançada; Ana Elisa Baião, ginecologista; Marcio Fernandes Nehab, pediatra; e Tânia Saad, neurologista.