Em abril de 1999, Eric Harris e Dylan Klebold, dois estudantes da Columbine High School, nos Estados Unidos, promoveram um massacre na escola onde estudavam, que resultou na morte de 12 alunos e um professor, além de 21 feridos. O episódio levantou uma série de debates nos país, como a política de armas, o bullying e a influência dos videogames violentos no comportamento dos jovens, já que os dois alunos eram fãs dos jogos Doom e Duke Nukem – nos quais o jogador deve derrotar os inimigos com apoio de armas de fogo pesadas.
A partir do ocorrido, a grande maioria das pesquisas que envolvia videogames buscava relacioná-los com um possível comportamento agressivo dos jogadores. Nos últimos anos, o enfoque das pesquisas mudou, principalmente com o desenvolvimento da informática e do uso de recursos eletrônicos para a estimulação do cérebro.
Em 2013, por exemplo, cientistas da Charité University Medicine St. Hedwig-Krankenhaus, da Alemanha, em parceria com o Instituto Max Planck para Desenvolvimento Humano, elaboraram um estudo a fim de observar os possíveis benefícios dos videogames para o treinamento de diferentes habilidades cognitivas.
Durante dois meses, 23 adultos jogaram Super Mario 64, com o famoso personagem da Nintendo, todos os dias por 30 minutos, enquanto outro grupo não teve contato com o game – cujo desafio é superar fases com diferentes níveis de dificuldade, compostas por obstáculos e monstrinhos inimigos, além de adquirir moedas e itens mágicos.
Os médicos descobriram que o cérebro de quem jogou teve aumento da massa cinzenta na formação de regiões como o hipocampo direito, o cortéx pré-frontal direito e o cerebelo, “áreas cerebrais cruciais para a navegação espacial, planejamento estratégico, memória operacional e desempenho motor integrados com a evidência de mudanças comportamentais da estratégia de navegação”, descreve o artigo.
Isso se deve ao fato de o jogo ser uma atividade que requer total atenção por fornecer uma infinidade de complexas demandas cognitivas e motoras. Dessa maneira, o game pode ser encarado como um treinamento intenso de várias habilidades.
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Texto: Thiago Koguchi – Edição: Giovane Rocha/Colaborador