Segundo o neurologista Luciano Magalhães Melo, divertir-se com video games não aumenta o Quociente de Inteligência das pessoas. Mas isso não significa que você deve abandonar seus jogos no celular ou deixar seu console de lado.
Seiji Isotani, professor do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da Universidade de São Paulo, no campus de São Carlos, diz que as vantagens que alguns jogos trazem ao cérebro já são comprovadas. Isso acontece porque, quanto mais estimulado o órgão, melhor. “O cérebro é um músculo e, quanto mais treinado, mais se mantém ativo. Pessoas com Alzheimer ou crianças com alguma limitação acabam sendo muito favorecidas”, comenta.
Raciocínio turbinado
Isotani afirma que video games de estratégia podem melhorar o raciocínio lógico, pois apresentam situações em que é preciso tomar uma decisão rapidamente, pensando em qual fase o indivíduo se encontra e qual será o resultado mediante sua ação. “Esse comportamento permite ter respostas rápidas e melhorar sua velocidade ao pensar no jogo. Mas é preciso investigar se esse benefício é extrapolado para a vida real”, atenta.
Mais atenção
Uma pesquisa realizada com pesquisadores da Universidade de Genebra (Suíça) e da Universidade de Wisconsin-Madison (EUA) analisou mudanças causadas por jogos de tiro no cérebro dos gamers. Neles, o participante é um atirador que precisa derrotar inimigos em terrenos simulados, nos quais a precisão e a criação de estratégias rápidas são necessários.
Além dos jogadores analisados conseguirem tomar decisões 25% mais rápido do que outros sem prejuízo de precisão, “os mais experientes apresentam um sistema de atenção visual mais acurado”, analisa Tiago Eugênio, professor do curso de pós-graduação em neuroeducação da rede Capacitar.
Cérebro alterado pelos video games
Em um estudo de dois meses envolvendo adultos que jogaram Super Mario 64 todos os dias por 30 minutos, constatou-se que o cérebro de quem jogou teve aumento da massa cinzenta na formação de regiões como o hipocampo direito, o córtex pré-frontal direito e o cerebelo, “áreas cerebrais cruciais para a navegação espacial, planejamento estratégico, memória operacional e desempenho motor integrados com a evidência de mudanças comportamentais da estratégia de navegação”, descreve o artigo. Isso porque o jogo é uma atividade que requer total atenção por fornecer complexas demandas cognitivas e motoras.
Contudo, Tiago afirma que não há informações conclusivas para apontar a existência de jogos idealizados exclusivamente para o desenvolvimento de habilidades cognitivas. “Mesmo não sendo criados para este propósito, os games são eficazes para treinar cognitivamente o indivíduo”, salienta.
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Texto: Redação Alto Astral – Edição: Giovane Rocha
Consultorias: Luciano Magalhães Melo, neurologista; Seiji Isotani, professor do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da Universidade de São Paulo; Tiago Eugênio, professor do curso de pós-graduação em neuroeducação da rede Capacitar.