Extremamente comum e fundamental para a prática da medicina, a biópsia é um procedimento que consiste na coleta de fragmentos de um determinado órgão ou tecido para análise posterior. Quando solicitado, o exame é parte importante do processo de investigação de uma doença, possibilitando não apenas o diagnóstico, mas fornecendo informações que contribuem para o entendimento do seu desenvolvimento e até na indicação da conduta terapêutica adequada.
Mesmo sendo tão comum na rotina médica, grande parte dos pacientes desconhece as etapas envolvidas na realização da biópsia e em sua análise, exatamente o que a médica patologista e diretora da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), Gerusa Biagione explica a seguir!
Foto: Yuri Arcurs/Colaborador
Analisando o material
Segundo a diretora da SBP, entre as etapas de preparação estão procedimentos vitais para garantir a conservação e validade das amostras coletadas. Ela conta que primeiro é utilizado um fixador à temperatura ambiente por um período entre 12 e 24 horas. Após isso, o patologista passa para a etapa chamada de macroscopia, em que a amostra é examinada a olho nu.
“Nessa hora são coletadas informações como formato e eventuais alterações que possam indicar algum crescimento fora do normal e coloração do material coletado. Tudo isso é anotado, uma vez que esses fatores ajudam a montar o ‘quebra-cabeça da doença”, explica.
Depois disso, começa o processamento histológico, etapa em que o material é submetido a uma sequência de produtos químicos que o preparam para ser cortado em fatias muito finas. A especialista explica que são usadas diversas soluções para preparar as células sem que elas percam suas características e, por fim, os fragmentos são colocados em um bloco de parafina que dá a sustentação no momento dos cortes que vão de três a cinco micrômetros. Para se ter uma ideia, essa espessura é cerca de 200 vezes mais fina do que 1 milímetro.
Foto: Yuri Arcurs/Colaborador
O diagnóstico da biópsia
A médica conta ainda que a evolução da patologia já permite testes complementares para detectar alterações específicas que estão relacionados a determinados tipos de câncer. Nesse processo, conhecido como imunoistoquímica, as imagens são capazes de revelar a expressão dessas alterações que, associados à análise do crescimento das células, são fundamentais não apenas para estabelecer a existência de um câncer, mas para precisar seu grau de desenvolvimento e agressividade.
Todas essas ferramentas são utilizadas pelo patologista na importante tarefa de analisar minuciosamente a estrutura dos tecidos recolhidos na biópsia. A partir daí, esse profissional pode comparar aquilo que enxerga no microscópio com anos de estudo, possibilitando entender que tipos de células compõem o tecido biopsiado. No caso da oncologia, apenas a partir de um laudo anatomopatológico é que o tratamento pode ter início.
Consultoria Gerusa Biagione, médica patologista e diretora da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP)
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