A microcefalia pode gerar muitas dúvidas por ser uma condição neurológica delicada de ser tratada, principalmente quando se desenvolve em recém-nascidos por meio do zika vírus. Veja algumas respostas sobre a malformação.
1. Após a confirmação do problema em gestantes, o que deve ser feito?
Como destaque entre as recomendações do Ministério da Saúde, a equipe médica deve estar sensibilizada a acolher a gestante com caso suspeito e suas angústias, dúvidas e medos, por meio de uma escuta qualificada, sem julgamento nem preconceitos, que permita à mulher falar de sua intimidade com segurança.
Os cuidados ao recém-nascido também devem seguir as indicações de garantir o contato pele-a-pele, o clampeamento oportuno do cordão umbilical, a amamentação na primeira hora de vida e a realização de procedimentos de rotina somente após esse período.
2. Existe tratamento para microcefalia?
Uma vez que ela tenha sido diagnosticada, será necessário cuidar das suas necessidades. É indicada a fisioterapia, se ela estiver mais rígida, se houver atraso no desenvolvimento, a fonoaudiologia, se tiver dificuldade para engolir e a terapia ocupacional para ensinar o bebê para que que servem os movimentos que a fisioterapia vai ajudar a desenvolver
Além disso, recomenda-se a terapia específica para que ele possa respirar melhor; neuropediatria porque ela pode ser acometida de crises convulsivas; gastroenterologia e nutricionista para ajudar essa criança a ter uma boa curva de peso, para que ela possa suportar bem todas as intervenções interdisciplinares que vai necessitar.
3. Qual é a expectativa de vida de um indivíduo portador de microcefalia?
É variável. Nas crianças gravemente comprometidas pode haver óbito ainda na infância, fase em que há maior propensão a infecções. Mas a expectativa de vida pode ser normal naqueles pacientes levemente comprometidos. Até 10% dos portadores de microcefalia pode não desenvolver qualquer alteração neurológica. Ou seja, depende também do que causou a microcefalia
4. Uma mãe contagiada com o zika pode amamentar normalmente?
Há relatos de pesquisas que conseguiram o isolamento do vírus no leite materno, mas não existe comprovação de transmissão por essa via. Ainda não há evidências suficientes para uma medida tão drástica como a suspensão do aleitamento materno, que tem uma série de outras vantagens. Se o bebê está em um ambiente em que a mãe tem zika, o risco de pegar pelo leite é menor do que se ele for picado pelo mosquito. Portanto, as mães não devem parar de amamentar.
Entretanto, se a mãe que está amamentando for picada pelo mosquito e apresentar os sintomas da febre zika (ou de outras doenças transmitidas pelo Aedes), recomenda-se procurar orientação médica antes de prosseguir a amamentação.
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Texto: David Cintra – Edição: Giovane Rocha/Colaborador
Consultorias: Marcela Amaral Avelino Jacobina, neurologista da Amato Instituto de Medicina Avançada; Ana Elisa Baião, ginecologista; Marcio Fernandes Nehab, pediatra; e Tânia Saad, neurologista