A cantora teen Selena Gomez afirmou que fará uma pausa na carreira para tratar das consequências de uma doença autoimune conhecida como Lúpus.
O tratamento dura meses e, aos poucos, Selena Gomez poderá voltar à sua rotina de trabalho. A cantora Lady Gaga e a atriz Astrid Fontenelle também foram diagnosticadas com a mesma doença.
Afinal, o que é Lúpus? Como ela reage no organismo e quais são os tipos de tratamento? A reumatologista Amanda Marques, do Hospital São Vicente de Paulo (RJ), explica sobre essa doença que atinge mais de cinco milhões de pessoas no mundo:
O que é Lúpus?
Segundo a médica, o Lúpus Eritematoso Sistêmico é uma doença crônica, autoimune, em que os anticorpos produzidos pelas células de defesa que combatem infecções passam a atacar as próprias células do indivíduo.
Em resumo: o organismo deixa de reconhecer algumas estruturas como parte do corpo e passa a atacá-las. “A doença é caracterizada por períodos sintomáticos e assintomáticos. Portanto, os sintomas da doença podem ser variados, comprometendo apenas a pele ou os órgãos internos, sendo as duas formas principais de apresentação”, afirma a reumatologista.
A pele pode ficar com manchas avermelhadas em áreas expostas ao sol, principalmente nas maçãs do rosto e no dorso do nariz. Já nos órgãos internos pode ocorrer a inflamação das membranas que revestem as articulações e tendões. “Nesse caso, causam artrite e tendinite; inflamação das membranas do coração e do pulmão; inflamação dos rins, resultando em nefrite que pode se manifestar com urina espumosa, inchaço das pernas, pressão alta e perda da função do rim.
Pode também existir a presença de anticorpos contra elementos do sangue (provocando anemia, queda dos glóbulos brancos ou de plaquetas) e até mesmo contra nervos e cérebro (formas mais raras)”, explica Amanda Marques.
Tratamento adequado
O tratamento é individualizado, já que existem casos diferentes de manifestação da doença. “Basicamente, são usadas medicações (como anti-inflamatórios) que visam combater o descontrole do sistema imunológico provocado pela doença. A indicação de cada remédio se dá de acordo com o comprometimento apresentado pelo paciente, sendo às vezes necessário o uso de corticóides em altas doses e de imunossupressores para controlar a doença. Todas necessitam de acompanhamento contínuo pelo médico reumatologista. Dependendo da gravidade da doença, esse acompanhamento pode ser feito a cada três ou seis meses, como também pode ser necessário o acompanhamento semanal ou mesmo internação hospitalar (na minoria dos casos)”, revela a médica.
Primeiros sintomas
Os primeiros sinais de que o indivíduo possa estar com a doença é quando apresenta sintomas como cansaço, desânimo, febre baixa, emagrecimento e perda de apetite. As manifestações também podem ocorrer pela inflamação na pele, articulações, rins, nervos, cérebro e membranas que recobrem o coração e pulmão. “Não existe um exame específico capaz de dar o diagnóstico de Lúpus. O diagnóstico deve ser feito através do reconhecimento da apresentação clínica e através de exames laboratoriais”, explica a especialista.
É uma doença rara?
O Lúpus se apresenta de várias formas e pode ser uma doença grave quando compromete os rins. Ela também é rara e manifesta-se em pessoas de qualquer faixa etária, sendo mais comum em mulheres. “Estima-se que 1 em cada 1700 mulheres no Brasil tenha a doença”, diz Amanda.
Cuidados necessários
Usar protetor solar, fazer atividade física e evitar o consumo de cigarro são algumas das recomendações médicas para quem deseja uma vida tranquila. “Os portadores da doença devem fazer atividade física aeróbica regular, que melhora a imunidade, a saúde dos ossos (evitando osteoporose) e ajuda no controle da pressão e da glicose”, pontua a reumatologista.
Também é importante parar de usar anticoncepcionais com estrogênio, relacionados à piora da doença. O uso regular das medicações é essencial, mesmo nos períodos em que a doença está inativa e a pessoa está sem sintomas: o uso irregular facilita o descontrole do sistema imunológico.
Com o devido acompanhamento, o uso adequado das medicações e mudanças de alguns hábitos o paciente portador de Lúpus pode ter uma boa qualidade de vida.
Consultoria: Amanda Marques, reumatologista do Hospital São Vicente de Paulo (RJ).
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