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Aos 14 anos, jovem escreve carta contando sobre sua batalha contra a hanseníase e dá show de fé, esperança, positividade e gratidão
- FOTO: Istock/Getty Images

Jovem escreve carta contando sobre sua luta contra a hanseníase

Aos 14 anos, jovem escreve carta contando sobre sua batalha contra a hanseníase e dá show de fé, esperança, positividade e gratidão

Como você era quando tinha 14 anos? De que forma costumava passar seu tempo? O que mais gostava de fazer? Com o que você sonhava? Joyce, de 14 anos, sabe bem responder a esta pergunta. Portadora de hanseníase, ela sonha com a cura da doença. Enquanto faz tratamento, longe do pai e do irmão, tem como passatempo registrar em forma de carta um pouquinho de como são seus dias.

O objetivo da jovem é agradecer pela ajuda profissional que recebe, compartilhar seus sentimentos com outras pessoas que passam por situação parecida e espalhar positividade. Leia!

Jovem escreve carta contando sobre sua luta contra a hanseníase

FOTO: Istock/Getty Images

Olá, meu nome é Joyce, tenho 14 anos e moro em Pirassununga. Eu descobri que tenho hanseníase há 4 anos. A minha é do tipo Virchowiana, uma forma grave da doença. Atualmente, estou internada em um hospital especializado no tratamento de hanseníase, no interior de São Paulo, para fazer uma cirurgia no braço esquerdo. Embora esse seja um procedimento sério, essa internação está sendo a mais tranquila até agora pra mim, porque sei que logo farei a cirurgia e não sentirei mais dor.

Eu faço tratamento aqui há quase um ano e essa já é minha quinta vez internada. Para me sentir um pouco mais em casa, já que no hospital os quartos são todos iguais, eu decoro a cômoda com bonecas e brinquedos. E o mais importante: tenho sempre o apoio da minha mãe e da minha família.

Aliás, minha mãe é tudo pra mim. Desde o começo, quando fui diagnosticada com a doença, ela sempre esteve ao meu lado, me apoiando nas horas difíceis com palavras de consolo e oferecendo seu ombro para que eu pudesse chorar e sorrir.

Por mais que seja ruim ficar aqui, longe do meu pai e do meu irmão, também tem um lado bom. É que no hospital eu conheci muitas pessoas queridas, como pacientes, enfermeiros, psicólogos, terapeutas e médicos. Eu também aprendi muito por aqui.

Aliás, a melhor parte de tudo isso, para mim, é aprender. O tempo que fico aqui sempre aprendo muitas coisas novas. O Seu Carlos me ensina muitas coisas! Ele está lá na geriatria. Se internou aqui pra colocar uma prótese e graças a Deus deu tudo certo.

Também aprendi bastante com a Camila. Uma vez, ela trouxe para mim um álbum que falava sobre a hanseníase. Aprendi que é uma doença transmitida pela respiração, mas que não pega tão fácil assim, como as pessoas pensam. É preciso de anos de convivência com um portador para adquirir a doença. Além disso, a cada dez pessoas que têm essa exposição, só uma contrai.

Aprendi ainda que a hanseníase é uma doença de pele que, se não for tratada, pode afetar os nervos, deixar os olhos caídos e as mãos e pés com garras. O importante é que a hanseníase tem cura, apesar de ainda deixar algumas sequelas.

Para falar a verdade, é uma doença bastante complicada, mas com medicamentos como a polioquimioterapia (PQT), aquela cartela vermelha, azul e marrom, a dapsona, os comprimidinhos branquinhos e vermelhos, o tratamento é garantido.

Enquanto faço tratamento, ocupo meus dias participando de terapias. Lá tem a Maria Clara que é muito divertida, alegre, simpática e carinhosa. Gosto muito dela, da Cris e da Tati. Na psicologia tem a Arianni e a Camila. Elas são bem animadas e até criaram um grupo que se reúne todas as sextas-feiras para ouvir música, conversar e fazer atividades.

Aqui no hospital alguns lugares são especiais, como a capela onde aos sábados o Padre Ventura faz missa. Ah, ele está internado na geriatria porque quebrou o braço, mas espero que se recupere bem.

Tem também a biblioteca, onde dá pra estudar e ler. Recentemente eu fui até lá e peguei o livro “Resgate no tempo”. É um livro de aventura e eu tenho lido ele.

Outro lugar legal daqui do hospital é o Solarium. Nós podemos ir lá para sair ao ar livre, conversar e passar o tempo. Lá tem macaquinhos, jogos e várias coisas legais.

O meu médico é o Dr. Jaison e a Drª. Agnes. Tem outros médicos que trabalham aqui também, como o Dr. Milton, A Drª. Gardênia, o Dr. Garbino e vários outros. Cada um deles é muito especial pra mim.

Não posso esquecer que aqui também tem um centro cirúrgico e a Unidade de Internação A, onde os enfermeiros tratam a gente com muita dedicação e dão os remédios certinhos! Gosto muito deles… A Lucia, Luciane, Elaine, Marcelo, Claudia, Emerson, Pati, Carina, Flavinha e a chefe das enfermeiras, a Flavia, além de todos os outros que de forma carinhosa me tratam superbem.

A nutricionista Heloísa sabe cuidar dos pacientes como ninguém. Adoro a simpatia e o carinho dela, que com jogos e desenhos sabe bem como alegrar meus dias.

Neste hospital, eu sempre conheço pessoas legais. Além do Seu Carlos, eu conheci o Gilvan, o Francisco, a Fátima (que eu conheci no quarto de repouso). Estar com eles é sempre prazeroso. A Verinha, da Unidade de Internação A, é uma enfermeira que também me ajuda sempre. Mas, na verdade, a pessoa que eu mais gosto da companhia é a minha mãe. Ela, sim, é minha companheira, guerreira, está sempre comigo. Eu te amo muito mãe!

Antigamente, este hospital era uma minicidade. Por isso, aqui tem até cemitério. Na vila ao redor, ainda restam algumas casinhas onde moravam as pessoas que tinham hanseníase. Por causa da doença, que já foi vista com muito preconceito e estereótipos, essas pessoas viviam isoladas, sem suas famílias e completamente afastadas. Naquela época, não tinha toda a tecnologia de hoje em dia. Agora é diferente, há mais avanços e os médicos estão mais experientes, com mais estudos.

Além de tudo isso, aqui nós temos dentista, sapataria, refeitório e muitos outros lugares. Esse hospital é referencia no tratamento de hanseníase no mundo inteiro.

Desde quando eu cheguei aqui só estou melhorando. Sei que se não fossem todos daqui (profissionais e pacientes que se tornaram amigos) eu não estaria tão bem como estou agora. Agradeço a todos por tudo e pelo quanto me trataram bem, me sinto muito grata!

Eu tenho fé que vou superar tudo e vencer como tantas outras pessoas.

Eu adoro escrever, e dessa vez, usei essas linhas pra contar um pouco da história do hospital, de mim e sobre como tem sido minha vida por aqui. Com esse gesto, espero encher de coisas boas o coração de pessoas queridas e que tanto tem me ajudado nessa trajetória.

A carta foi escrita em novembro de 2015.

Saiba mais

  • No Brasil, em 2015, 2.113 novos casos de hanseníase foram diagnosticados em pessoas com idade abaixo de 15 anos.
  • No total, 28.761 novos casos foram diagnosticados.
  • A hanseníase atinge pele e nervos periféricos podendo levar a sérias incapacidades físicas.
  • A hanseníase parece ser uma das mais antigas doenças que acomete o homem. As referências mais remotas datam de 600 a.C. e procedem da Ásia, que, juntamente com a África, são consideradas o berço da doença.
  • A melhoria das condições de vida e o avanço do co­nhecimento científico modificaram o quadro da hanseníase, que há mais de 20 anos tem tratamento e cura.
  • No Brasil, no período de 2007 a 2011, uma média de 37.000 casos novos foram detectados a cada ano, sendo 7% deles em menores de 15 anos.
FOTO: Divulgação/Ministério da Saúde

FOTO: Divulgação/Ministério da Saúde

Fonte: Ministério da Saúde

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