Até que ponto vale usar a intuição para apostar que um negócio vai deixar você mais rico?

Também conhecida como o sexto sentido, a intuição não se limita apenas às questões emocionais, mas também aos investimentos financeiros

- (Foto: Shutterstock)

Quantas vezes você já teve aquela sensação de “eu sinto que isso é certo”, mas, no fim, o que antes era uma certeza inexplicável de sucesso, dá errado? Utilizar a intuição para tomar decisões importantes na vida exige extrema cautela, principalmente quando envolve seu futuro financeiro. Os pressentimentos são processos inconscientes do cérebro humano que podem causar falsas ilusões em momentos decisivos. Então, como saber quando é a hora certa de confiar no “sexto sentido” e apostar as fichas em um negócio?

A psicologia explica

Para esclarecer como a intuição funciona, pode-se pegar como base os conceitos do teórico israelense especialista na área da psicologia econômica e ganhador do Prêmio Nobel de Economia (2002), Daniel Kahneman. O estudioso diz em seu livro Thinking, Fast and Slow (Pensando, Rápido e Devagar, em tradução livre) que o cérebro humano possui dois tipos de raciocínio em tomadas de decisões.

O sistema número um descrito pelo especialista é o intuitivo e rápido, que se fundamenta involuntariamente em memórias, experiências e sentimentos passados para realizar a escolha. Por exemplo, em situações que você vê que um objeto está mais distante que outro ou solucionar equações simples, como “2 + 2”. “É uma sensação enganosa, que estamos reagindo a outras coisas inconscientemente, como a aparência da pessoa, um gosto pessoal, e não em fatos reais”, elucida o economista Giridhari Das.

Já no segundo, mais lento e analítico, é necessário prestar atenção para tomar uma ação ou definir a melhor opção, como preencher seu endereço em um formulário ou compreender o que outra pessoa está falando em um ambiente muito barulhento. “Ele dedicou sua vida a isso e comprovou várias vezes as maneiras como nossa dita intuição é muito ruim em análises financeiras e estatísticas, coisas essenciais para os negócios”, pontua Giridhari.

Para provar seu ponto, Kahneman traz em seu livro charadas para mostrar como seu cérebro pode enganar você utilizando o sistema rápido e intuitivo. Por exemplo: se um chocolate e uma paçoca custam juntos R$1,10 e sabendo que o chocolate é um real mais caro que a paçoca, então, quanto custa a paçoca? Não raciocine, apenas fale o primeiro número que vem a sua mente. Se pensou a resposta 10 centavos, você acabou de ser enganado pela confiança na sua intuição, junta – mente com mais de 50% dos alunos entrevistados das universidades de Harvard, MIT e Princeton, nos Estados Unidos. O enigma parece tão fácil que seu cérebro usa a intuição e pensa na resposta mais “atraente”. Porém, se a paçoca custasse 10 centavos, então o preço do combo seria R$1,20, pois seriam 10 centavos para a paçoca e R$1,10 para o chocolate. Você ainda confiaria na intuição para apostar suas finanças em um negócio?

É coisa séria

O exemplo anterior pode parecer meio banal se for comparado com um investimento real de negócios. No entanto, Giridhari ressalta que a intuição pode dar a resposta certa para a pergunta errada. “Um executivo financeiro pode pensar ‘devo investir na Ford?’. A resposta necessitaria de uma análise complexa da situação financeira da Ford, do mercado automotivo, dos produtos da empresa, da liderança, etc. Mas a intuição muda a pergunta para ‘eu gosto da Ford?’”.

Desse modo, como o economista explica, ocorre uma resposta afirmativa à última questão em relação ao gosto pelos carros da marca. Assim, a pessoa é influenciada a fazer o investimento sem uma análise adequada, podendo resultar em fracasso. “Quanto mais técnica é a questão, me – nos devemos depender de nossa intuição. Temos que pensar mesmo, queimar neurônios, e isso dá trabalho. Naturalmente, temos preguiça deste tipo de esforço mental”, conclui o especialista.

Então, como agir?

Se você geralmente opta por seguir a sua intuição e tem receio de que isso possa causar prejuízos financeiros futuramente, há uma saída: por mais fácil que pareça uma questão ou realizar uma tarefa, pare alguns segundos para raciocinar para, então, responder ou agir.

“A intuição deve ter uma influência menor sobre a decisão que, idealmente, deve ser pautada em cima de um ótimo plano de negócio, uma perfeita avaliação do cenário econômico, do nicho e segmento atendidos. Não podemos confundir intuição com comprometimento”, aconselha o educador financeiro Alexandre Wolwacz.

Então, caso esteja pensando em fazer um investimento, tenha em mente que ao ter calma e se empenhar em pesquisar sobre a área do seu negócio, as possibilidades de obter sucesso no empreendimento, segundo o profissional, aumentam bastante.

Texto: Giovane Rocha

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