O intestino, esse órgão alongado e mal falado do nosso corpo, apesar de fisicamente estar longe da nossa cabeça, está lado a lado com o cérebro em grau de importância, de acordo com a ala médica. Chega até ser chamado de “segundo cérebro“. “O intestino tem o seu próprio sistema nervoso, autônomo, formado por uma série de células e neurônios que possuem ligação direta com o sistema nervoso central e o cérebro”, indica o cirurgião e nutrólogo Hamilton Funes.
Por isso, a qualquer sinal de ansiedade, as chamadas entranhas respondem em tom de alerta. “O sistema digestivo é sensível às emoções, portanto ao passar por alteração de humor ou emocional, o indivíduo pode desencadear problemas no funcionamento intestinal“, completa Hamilton. O mesmo acontece quando algo não cai muito bem, ocasionando problemas emocionais e outras alterações pelo corpo. A seguir, compreenda como o intestino funciona e como se relaciona com emoções – principalmente com a ansiedade!
Intestino além da digestão
Como o órgão é ligado ao processo digestivo e de excreção, outras funções acabam não sendo destacadas. Entre elas estão a relação estreita com o cérebro e o emocional, o papel primordial para o sistema imunológico e a produção hormonal.
“Nesse órgão estão presentes cerca de 100 milhões de neurônios conectados com o cérebro e mais de 70% das células de defesa do nosso corpo. O intestino tem também relação com o bem-estar, já que 80% da serotonina (hormônio responsável pelo bem-estar) do nosso corpo se origina nele”, elenca o cirurgião.
Toma lá, dá cá!
Um quadro de ansiedade é capaz de fazer o intestino desandar. Por outro lado, quando algo prejudica a saúde intestinal – seja por alergia, intoxicação ou alguma patologia específica – os nervos podem ficar à flor da pele. Como o intestino delgado é responsável, em grande parte, pela produção de serotonina, sua saúde se relaciona com a mental. “Os intestinos interrelacionam-se com nosso bem-estar emocional e bem-estar físico“, ressalta a cirurgiã plástica Katia Haranaka.
Um cérebro pelo outro!
Para que os dois trabalhem juntos, ou seja, para que haja um maior controle do funcionamento intestinal e das emoções, especialistas indicam uma alimentação balanceada. “Nossas escolhas, ou de nossos pais, quanto ao tipo e a qualidade alimentar estão em maior ou menor grau relacionadas às doenças crônicas – depressão, pânico, ansiedade, enxaqueca, esquizofrenia – e a doenças gastrointestinais – intestino preso, síndrome do intestino irritável, colite e doença de Crohn”, ressalta Katia. Entre as principais recomendações estão: ingestão regular de água e fibras, consumo reduzido de carnes vermelhas e bebidas alcoólicas e controle de parasitas intestinais.
Saiba mais:
Intestino preso: causas, tratamentos e alimentação correta
Coloque o intestino para funcionar
Coma mais grãos e sementes para melhorar a saúde
Por dentro do intestino
Deu para perceber o quanto a gente não conhece desse órgão não é mesmo? Para entender um pouco mais, confira o percurso de atividades que ocorrem no “segundo cérebro”!
Texto: Jéssica Frabetti Animação: Renan Oliveira Consultoria Hamilton Funes, especialista em cirurgia da obesidade mórbida, cirurgia vídeo laparoscópica, cirurgia do câncer do aparelho digestivo, gastroenterologia, terapia intensiva, nutrologia e cirurgia geral), da clínica Nuclehum, de São José Do Rio Preto; Katia Haranaka, cirurgiã plástica