A gagueira na infância costuma aparecer entre dois e cinco anos. “Os pais geralmente percebem que a criança está com algum problema para falar, porque ela perde a desenvoltura que já possuía. Ela estava se desenvolvendo bem e, de repente, os pais percebem uma repetição da sílaba inicial das palavras ou que ela faz força para falar e não sai nenhum som”, explica a fonoaudióloga Sandra Merlo.
Muitas vezes, os pais podem relacionar a gagueira com algum fator emocional, como ansiedade ou timidez. Mas é bom deixar claro que isso é um mito. O que realmente é verdade, embora possa parecer estranho, é o fato de ser possível cantar ou até mesmo fazer uma peça de teatro sem gaguejar. Segundo Sandra isso ocorre porque o cérebro não controla os dois tipos de fala da mesma maneira. “A fala espontânea e natural é controlada por uma rota cerebral chamada de pré-motora medial, enquanto modos não-espontâneos de fala, como o canto, são controlados por outra rota cerebral, a pré-motora lateral”.
De onde vem?
A gagueira tem várias causas. Uma delas já está comprovada: genética. “Já foram identificados quatro genes relacionados a esse problema. Esses quatro genes respondem por cerca de 15% dos casos. Ou seja, ainda há muitos outros genes para serem descobertos. Filhos de pais que têm ou tiveram gagueira têm mais chances de gaguejar”, explica Sandra. Porém, lesões cerebrais, acidente vascular cerebral, traumatismos cranioencefálicos, intercorrências na gravidez, parto e pós-parto, entre outras condições que afetam o funcionamento e a fisiologia do cérebro também podem causar a gagueira.
Diagnóstico
“É feito pelo fonoaudiólogo especialista em fluência por meio da gravação e análise da fala da criança. Não é um diagnóstico subjetivo. Por exemplo, em um trecho de 300 palavras de fala espontânea, o fonoaudiólogo irá verificar quantas vezes a criança repetiu, prolongou ou bloqueou sílabas. E também se ela apresentou sinais de esforço para falar algumas sílabas”, conta Sandra.
Existe cura?
A gagueira na infância, com o tratamento adequado, segundo a fonoaudióloga tem cura, sim. “Estima-se que 5% da população é afetada pela gagueira durante o desenvolvimento da fala. Porém, apenas 1% irá apresentar a doença na forma crônica, ou seja, na fase adulta. A gagueira, portanto, tende a ser uma condição tipicamente infantil. Quando tratada pode ser curada”, comenta.
Durante o tratamento, são realizados exercícios específicos para fluência, envolvendo leitura em voz alta e fala espontânea. No caso de adultos, o treino de fala em público é muito importante. O fonoaudiólogo também ira avaliar se são necessários tratamentos complementares.
Consultoria Sandra Merlo, fonoaudióloga
Leia também:
- Diabetes em crianças: aprenda a lidar com o diagnóstico
- Como acabar com a desobediência das crianças
- Pilates para crianças: saúde e diversão para os pequenos!