A síndrome de Burnout não é assunto novo: foi descoberta na década de 1970 pelo psicanalista Herbert Freudenberger. Entretanto, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), nos últimos anos, a doença tem aparecido como um dos principais problemas de saúde dos europeus e americanos.
O nome escolhido para indicar a doença vem do inglês “to burn out”, que, em tradução livre, significa queimar por inteiro. “Esse termo vem sendo utilizado para descrever pessoas no ambiente profissional que, após um longo período de estresse, acabam desenvolvendo sintomas como exaustão emocional, distanciamento afetivo e baixa realização profissional”, aponta Marcelo Katayama, médico cirurgião e terapeuta.
Os estágios de Burnout
Quando a síndrome de Burnout foi analisada pelo psicanalista, ele e seu colega de estudo, Gail North, propuseram um ciclo explicativo do problema. São descritas 12 fases do processo em que o indivíduo acometido pode passar – sem uma ordem cronológica ou presença de todas as etapas.
1. Compulsão pela autoafirmação
Existe uma necessidade de mostrar a capacidade para todos os colegas de trabalho e obter reconhecimento por isso.
2. Trabalhar, trabalhar, trabalhar
Levar o ofício ao extremo, como atividade principal – para ter certeza de que é insubstituível.
3. Negligenciar necessidades
Como a dedicação ao trabalho é grande, atividades essenciais como sono e alimentação, além de convivência social, são negligenciadas.
4. Deslocamento dos conflitos
A pessoa tem conhecimento de que algo não vai bem, porém evita o assunto.
5. Revisão de valores
O que antes tinha importância – seja casa, família e amigos – é deixado de lado. E, para evitar conflitos por isso, o indivíduo torna-se apático e retraído emocionalmente.
6. Intolerância ao contato social
Até mesmo em situações triviais, como reuniões. Cinismo, falta de sensibilidade e de empatia, agressividade e tendência a culpar os outros costumam ocorrer.
7. Retraimento
O isolamento também pode ser um sintoma, em que é comum evitar convivência social.
8. Mudanças no comportamento
Torna-se mais difícil manter uma boa relação pela dificuldade de aceitar brincadeiras e falta de humor.
9. Despersonalização
Por evitar diálogos, atua como uma máquina, preferindo conversas por e-mail, por exemplo.
10. Vazio interior
Tudo se torna complicado e desgastante. Para superar esse sentimento, é possível o desvio para atividades compulsivas como sexualidade exagerada, comida em excesso, ou álcool e outras drogas.
11. Depressão
Ocorrem sintomas de humor e cognitivos da depressão, como indiferença, falta de esperança, exaustão, negligência em relação ao futuro.
12. Esgotamento final
Esse é o estalo derradeiro, que pode levar o indivíduo a crises de violência, colapsos físico e mental, e suicídio.
Sem condição!
Os principais motivos para surgimento da doença estão relacionados ao ambiente de trabalho. Sobrecarga de trabalho, relações interpessoais conflituosas e falta de equidade e justiça são fatores de risco. Porém, existem traços de personalidade que predispõem à doença, como pessoas muito passivas, com baixa autoestima, introvertidas, perfeccionistas, muito sensíveis ou competitivas.
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Consultoria: Marcelo Katayama, médico cirurgião, terapeuta e instrutor de treinamentos do Núcleo Ser.
Texto: Jéssica Frabetti – Edição: Augusto Biason/Colaborador