Na década de 1960, o LSD teve seu uso estimulado em pesquisas pelo mundo todo. Um dos difusores da droga foi o professor de psicologia da Universidade de Harvard, Timothy Leary. Com seu lema “ligue-se, sintonize-se, caia fora”, Leary distribuiu mais de 3.500 doses de psicodélicos para experimentos com alunos.
Amigo pessoal dos integrantes do grupo The Beatles, o professor acabou expulso da universidade, preso e considerado um dos maiores inimigos do governo norte-americano. Enquanto isso, o LSD era transformado em símbolo pela contracultura, que via na substância a possibilidade de expansão da mente de jovens desiludidos com a realidade da época.
Até sua proibição, em 1971, mais de mil estudos tinham o ácido como objeto central. Sob tutela do presidente norte-americano Richard Nixon, a política proibicionista conhecida como “Guerra às Drogas” jogou não só o LSD, mas diversas substâncias consideradas perigosas, na ilegalidade, interrompendo milhares de pesquisas que vinham sendo realizadas.
“Isso gerou um atraso de quase 50 anos no avanço da ciência médica e psicológica”, relata o psicólogo André Arcângelo Nunes. Para o profissional, um dos legados da proibição está associado ao preconceito e à desinformação acerca do assunto. “O proibicionismo transformou o assunto em tabu, dificultando a produção de conhecimento e a circulação de informação que poderia evitar muitos problemas”, destaca.
O uso de psicodélicos pela história
“Os psicodélicos desencadeiam uma experiência que há séculos é utilizada por centenas de culturas ao redor do planeta”, afirma o neurocientista Eduardo Schenberg. Um dos primeiros relatos de uso dessas substâncias na medicina vem da China, há aproximadamente 3 mil anos.
A Índia e a Pérsia foram outros berçários da utilização de plantas alteradoras de consciência – também usadas em rituais religiosos, de prazer e para recreação. Na América Central, as culturas pré-colombianas faziam utilização de cactos, cogumelos e sementes. Já na América do Sul, a famosa ayahuasca e rapés psicodélicos, e na África, a ibogaína, também eram usadas em rituais.
Mais recentemente, o LSD ganhou destaque devido à sua potencialidade. Descoberto em 1938 pelo suíço Albert Hofmann, a dietilamida do ácido lisérgico foi “experimentada” acidentalmente pelo cientista cinco anos depois da sintetização do fungo. Em seu livro LSD – Minha Criança Problema, Hofmann relata que “de olhos fechados, via uma torrente de cores, como um caleidoscópio”.
Sob patente do laboratório Sandoz, a substância foi enviada a diversos pesquisadores para que fosse identificada alguma utilidade como recurso psicoterapêutico. Essa é apenas uma pequena lista das inúmeras sociedades que fizeram a utilização de compostos psicoativos durante séculos, causando um forte impacto na cultura desses povos.
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Texto e entrevista: Augusto Biason/Colaborador – Edição: Giovane Rocha/Colaborador
Consultoria: André Arcângelo Nunes, psicólogo e psicoterapeuta