No senso comum, o estresse está diretamente ligado aos efeitos negativos que a sua falta de controle pode causar. Sejam sintomas fisiológicos (como medo, arritmia cardíaca e respiração descontrolada) ou psicológicos (como muita irritação, desconforto, nervosismo e humor deprimido).
No entanto, o que muitas pessoas esquecem é que, primordialmente, as reações de estresse são nada mais do que um mecanismo natural de defesa do corpo humano. É graças a esse sistema que conseguimos reagir a uma determinada situação de perigo eminente, fugindo ou correndo. Claro que esse exemplo se aplica melhor nos tempos em que nossos ancestrais pré-históricos eram as caças ou os caçadores. Mas, trazendo esse sistema aos dias de hoje, é possível citar outros benefícios que o estresse pode proporcionar.
O lado bom do estresse
Se controlado, esse alarme de fábrica do organismo até tem alguma utilidade. Segundo a psicóloga Patricia Mekler, o estresse pode ser visto como uma “alavanca emocional”, no sentido em que estimula a pessoa a resolver seus problemas cotidianos, sejam familiares, sociais ou profissionais. “O estresse tende a ajudar o sujeito a se motivar para ir em busca de seus objetivos e a solucionar eventos adversos que se colocam diante dele”, afirma a especialista.
Essa motivação ocorre, como explica o psicólogo Caio Henrique Vianna Baptista, devido a duas substâncias essenciais para a reação de ansiedade — os neurotransmissores adrenalina e noradrenalina. “Eles fazem com que respostas em busca da solução dos problemas e/ou conflitos sejam acionadas”, conclui Caio.
Falha no sistema
Mas, como qualquer máquina, se utilizada constantemente por muito tempo, todo esse procedimento envolvendo o estresse pode sofrer uma pane — é aí que começam a surgir os problemas.
O psiquiatra Rodrigo Pessanha explica que o acionamento desenfreado desse mecanismo pode danificar outros sistemas envolvidos no processo, como o neurológico, cardiovascular, cognitivo e comportamental. E isso, segundo o profissional, “acaba levando tanto a mente quanto o corpo a um desgaste, e esse é um fator importante”.
Por isso, é importante compreender que a palavra-chave em questão quando se fala de estresse é equilíbrio. Afinal, “os mesmos mecanismos que funcionavam a favor do indivíduo, da sua performance diante de uma situação de perigo e ameaça, levados ao exagero e utilizados de forma continuada, vão levando o próprio organismo ao esgotamento”, finaliza Pessanha.
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Texto e entrevistas: Giovane Rocha / Colaborador – Edição: Augusto Biason / Colaborador
Consultorias: Caio Henrique Vianna Baptista, psicólogo do Hospital Sepaco, em São Paulo (SP); Patricia Mekler, responsável pelo serviço de psicologia do Hospital Sepaco, em São Paulo (SP); Rodrigo Pessanha, psiquiatra.