Vira e mexe, surgem comentários sobre as histórias de quem, aos poucos, começaram a ouvir ou ver coisas incomuns, como vultos e vozes que atormentaram constantemente as pessoas e prejudicaram significativamente a capacidade de viver suas rotinas.
Apesar de algumas vezes ser classificado precipitadamente como indícios de loucura – e, até mesmo, possessão demoníaca –, esse tipo de relato pode ter ligação com um transtorno cada vez mais comum: a esquizofrenia, que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), afeta mais de 21 milhões de pessoas em todo o mundo.
O quadro já está presente nos dois principais critérios para a identificação de disfunções relacionadas à saúde mental, que são o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, mais conhecido como DSM-5 (da Associação Americana de Psiquiatria), e a Classificação Internacional de Doenças, CID 10, da OMS.
No entanto, em um primeiro momento, o que mais preocupa pacientes e pesquisadores é, exatamente, detectar os sintomas ligados à esquizofrenia. Segundo o psiquiatra especialista em esquizofrenia Carlos Hübner, quando ocorre o diagnóstico inicial, na verdade, as primeiras alterações, ainda sutis, no comportamento começaram cerca de cinco anos antes.
Entre perseguições e alucinações
“Os sinais prodrômicos (precoces da esquizofrenia) não oferecem uma definição dos sintomas esquizofrênicos propriamente ditos”, afirma o psicanalista clínico Paulo Miguel Velasco. Geralmente, isso ocorre porque há a confusão com outros distúrbios, como depressão e transtornos de ansiedade. Antes dos surtos, o psicanalista frisa que podem aparecer dificuldades de memória, hiperatividade, falta de concentração, desinteresse pelas atividades corriqueiras e humor depressivo.
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Consultorias: Carlos Hübner, psiquiatra pela University Heidelberg, na Alemanha, e professor na Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), em Sorocaba (SP); Paulo Miguel Velasco, psicanalista clínico.
Texto: Vitor Manfio/ Colaborador – Entrevistas: Giovane Rocha e Vitor Manfio/ Colaboradores – Edição: Augusto Biason/ Colaborador