Os especialistas explicam que os diagnósticos de distúrbios envolvendo aprendizagem são mais comuns em crianças com idade escolar e merecem muita atenção, já que podem ter consequências diretas no processo de assimilação de conteúdos. Entre eles, os mais comuns são a dislexia, a discalculia e a disgrafia. Conheça mais detalhes sobre eles.
– Dislexia
Trata-se de um transtorno de aprendizagem que possui origem genética. A dislexia se caracteriza pela dificuldade que a pessoa possui de codificar o que está escrito, transformar a letra em um som ou decifrar um símbolo gráfico.
“Ela é um defeito do funcionamento cerebral. Geralmente, utilizamos três áreas do cérebro para decodificar os sinais. Uma pessoa com dislexia utiliza apenas uma, o que acarreta em complicações durante esse processo de leitura e escrita”, descreve a psicopedagoga especializada em dislexia Sheila Leal. O distúrbio ataca a capacidade de saber o que é letra, som, frase ou palavra, e o diagnóstico e o acompanhamento devem ser realizados por uma equipe multidisciplinar.
– Discalculia
Essa desordem neurológica atrapalha a pessoa na hora de compreender os conceitos ligados à matemática e inclui, ainda, o fator do tempo e espaço.
“Quanto maior for a demanda relacionada às questões numéricas (fazer contas básicas, lidar com calendários ou noção de tempo), mais evidente ficará que a criança possui a discalculia. Geralmente conseguimos fechar um diagnóstico aos 8 ou 9 anos”, indica Sheila.
– Disgrafia
A disgrafia afeta a qualidade da escrita, que apresenta alterações motoras e é deficitária. “Nesse quadro, observamos a forma incorreta de segurar o lápis, desorganização na forma das letras, má orientação espacial, com letras inclinadas e fora da linha, além de espaçamentos irregulares”, destaca Sheila.
A profissional explica que uma das teorias a respeito da causa desse transtorno investiga a integração do sentido da visão e da coordenação com o comando cerebral do movimento. Os diagnósticos da discalculia e da disgrafia podem ser independentes da dislexia mas, no geral, aparecem de forma associada.
LEIA TAMBÉM:
Texto: Victor Santos
Consultorias: Clay Brites, pesquisador e doutorando do Laboratório de Dificuldades e Distúrbios da Aprendizagem e Transtornos de Atenção (Disapre) na Unicamp e professor do curso de pós-graduação de neuropsicologia aplicada à neurologia Infantil na mesma instituição; Cristiane M. Maluf Martin, psicanalista; Cristianne Vilaça, psicóloga junguiana; Lílian Kuhn, fonoaudióloga da clínica Fono&Com, em São Paulo (SP); Sheila Leal, psicopedagoga e fonoaudióloga, com especialização em dislexia.