Muita sede e varias idas ao banheiro para urinar. Esses são alguns dos sintomas que podem indicar que uma pessoa é diabética. No entanto, não significa, necessariamente, que ela sofra de diabetes mellitus, o tipo mais conhecido de diabetes que se caracteriza pela hiperglicemia. Existe um outro tipo, mais raro, conhecido como diabetes insipidus, que nada tem a ver com a relação entre insulina e glicose.
Hormônio em desordem
Para entender esse tipo da doença é necessário conhecer o mecanismo de hidratação do organismo. Duas glândulas presentes no sistema nervoso chamadas de hipotálamo e hipófise são responsáveis por produzir e armazenar o hormônio vasopressina – ou hormônio antidiurético (ADH, em inglês). Ele é liberado na corrente sanguínea e serve para evitar a desidratação do corpo, agindo de duas formas: estimulando a sede e diminuindo a quantidade de água que passa pelos rins e é liberada na urina.
O diabetes insipidus surge quando há uma alteração na produção ou ação do vasopressina no organismo, gerando um excesso de perda de água pela urina, chamada de poliúria, além de grande ingestão de água – até 18 litros por dia.
Central e nefrogênico
Também conhecido como diabetes insípido, a doença pode ter duas causas. O diabetes insipidus central surge quando há produção inadequada do hormônio vasopressina. “Doenças infecciosas, inflamatórias, vasculares ou neoplásicas do sistema nervoso central, traumas, cirurgias e radioterapia podem destruir os neurônios que produzem a vasopressina”, explica a endocrinologista Maria Elizabeth Rossi da Silva, especialista em diabetes. Com essa falha, o paciente perde a capacidade de concentrar a urina, eliminando-a em grande quantidade.
O distúrbio também pode ser congênito, devido a má formação da hipófise e do hipotálamo ou por alterações no gene do vasopressina. A outra causa que pode levar à doença são alterações renais que impedem a ação do hormônio, recebendo o nome de diabetes insipidus nefrogênico. De acordo com Maria Elizabeth, a causa pode ser hereditária ou adquirida. No primeiro caso, o gene do receptor do hormônio ou o gene do canal aguaporina, responsável pela absorção de água, possuem algum defeito. Já os casos adquiridos podem ser provocados por medicamentos (lítio, cisplatina), elevação do cálcio ou redução do potássio no sangue, doenças inflamatórias (sarcoidose, amiloidose, etc.) e anemia falciforme.
Na gravidez, pode ocorrer a metabolização mais intensa do vasopressina por uma enzima da placenta e o diabetes insipidus se manifesta temporariamente, mas, geralmente, regride após o parto. “É importante lembrar que algumas doenças psiquiátricas podem simular o diabetes insipidus. O paciente bebe muita água por distúrbios psicológicos”, destaca a especialista.
Riscos do diabetes insipidus
Por gerar uma grande perda de água, o indivíduo corre o risco de desidratação grave, que pode ocasionar problemas em vários órgãos, inclusive o cérebro, podendo levar até a morte. O consumo intenso de água também acaba atrapalhando o sono, a capacidade de trabalho, a alimentação e o crescimento, em casos de crianças e adolescentes.
Tratamento
Ambos os tipos da doença têm tratamento. O central pode ser medicamentoso, com o uso de desmopressina via oral ou inalação. Já o nefrogênico exige uma associação de medidas, como a correção dos níveis de cálcio e potássio no sangue e a suspensão de medicamentos que causam o diabetes, quando possível. “Se o problema persiste ou se for congênito, doses elevadas de desmopressina, diuréticos amiloride ou hidroclorotiazida podem ser úteis”. afirma Maria Elizabeth.
Nome próprio
A palavra diabetes tem origem no grego antigo e significa sifão, o cano usado para transportar um líquido de uma altura para outra mais baixa. Naquela época, os gregos chamavam de diabetes a doença que fazia com que pessoas urinassem além do normal, associado a muita sede. Foi somente no século XVII que se descobriu que havia dois tipos diferentes de diabetes.
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