A resposta é sim, a depressão tem cura, mas ela deve ser entendida como uma gripe. Um indivíduo pode ser acometido por uma gripe, por exemplo, buscar ajuda médica e tomar todas as medidas necessárias para se livrar da doença: tomar os remédios indicados, manter uma alimentação saudável e ficar de repouso. Com isso, a gripe vai embora e a pessoa é considerada curada. O que não quer dizer que ela nunca mais vá ter uma gripe. A doença pode voltar em outras situações, futuramente.
O mesmo ocorre com a depressão. “A pessoa pode apresentar um episódio depressivo, tratar e não voltar a apresentar episódios ou sintomas nunca mais”, revela a psicóloga Ana Cristina Fraia. Contudo, também é possível que, mesmo após um tratamento prolongado, apareçam episódios esporádicos ao longo da vida. “Cada pessoa responde de um jeito. E vai depender de como ela vai tratar a depressão, se vai buscar tratamento de manutenção e até preventivo, ou não”, acrescenta a psicóloga.
Tratar sempre!
Independentemente da possibilidade ou não da remissão da doença, uma coisa é certa: a depressão sempre necessita de tratamento. Algumas pessoas, inclusive, precisarão de tratamento pela vida toda. Assim, quem tem ou já teve depressão precisa manter uma regularidade de consultas médicas, seja para ajustar as dosagens da medicação, seja para uma terapia para evitar recaídas, ou até mesmo só para se certificar de que o estado psicológico não apresenta problemas. “A psicoterapia é sempre indicada, ou a ajuda de uma equipe multidisciplinar que proporcione diversas atividades como oficinas e terapia ocupacional”, destaca Ana Cristina. O tempo de duração do tratamento pode variar de acordo com cada caso e até mesmo da vontade do próprio paciente em modificar sua situação.
“Em psiquiatria e em saúde mental geral, o sujeito nem sempre busca o tratamento porque quer se tratar, ou seja, mudar. Muitas vezes, procura para referendar seu pensamento pessimista em relação à vida, procura enfatizar que o mundo não tem saída”, explica o psiquiatra Sérgio Lima.
É por isso que o tratamento medicamentoso isolado quase nunca é indicado. Ele exerce efeito sobre o organismo do paciente, mas é muito mais eficaz quando o indivíduo acredita que é possível sair dessa situação – e isso só se resolve com a ajuda de um psicólogo.
O papel da família
O primeiro passo para concretizar a aceitação da depressão é entender como ela funciona, compreender os seus estágios e, o mais importante de tudo, tomar conhecimento das possíveis consequências. Embora cada paciente reaja de uma maneira diferente, é papel da família estar consciente e aceitar as suas condições.
A preocupação é inevitável, no entanto, é fundamental manter diálogos abertos à respeito do problema para que ambos os lados possam entrar em um entendimento maior. “Em geral, os sintomas de depressão aparecem isolados e vão se associando aos poucos, portanto, também deve-se atentar ao perceber o familiar sem ânimo para realizar as tarefas que anteriormente lhe agradavam mais, falta de interesse pela vida, isolamento social, tristeza, choro fácil, descrença e pessimismo.
Ao contrário do que muitos pensam, a irritabilidade e oscilações de humor bruscas também são frequentes nos quadros depressivos”, conta a psicóloga Marina Cilino.
Em último caso
Quando é necessário um tratamento mais intensivo, com uma assistência maior, o médico pode indicar a internação em clínicas especializadas. “O paciente pode apresentar sintomas impossíveis de serem controlados em casa, como ideação suicida, irritabilidade e agressividade excessiva, por exemplo.
Assim, a internação é o tratamento mais indicado nesses períodos, pois há alguém para administrar a medicação corretamente, além de um olhar multidisciplinar”, indica Ana Cristina. Contudo, se essa for a decisão tomada por paciente e familiares, é fundamental buscar um local de confiança, com profissionais capacitados.
Consultoria: Ana Cristina Fraia, Márcia Fraga e Marina Cilino, psicólogas; Sérgio Lima, psiquiatra
Texto: Redação Alto Astral
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