Do ponto de vista da neurociência, um quadro de depressão pode ser desencadeado a partir do momento em que duas estruturas cerebrais não trabalham em harmonia, como cita o médico neurologista e neurocientista Martin Portner. “Uma é a amígdala cerebral, que permanece excessivamente ativa, e a outra, o córtex pré-frontal, trabalha abaixo do esperado. Essas duas estruturas mantêm estreito funcionamento e, além disso, regulam outras áreas cerebrais responsáveis por motivação, apetite, sexualidade e comportamento social”, explica o profissional.
Não há como apontar uma única estrutura “culpada” em relação aos transtornos depressivos no cérebro, uma vez que o distúrbio é fruto da ação conjunta de várias alterações no órgão.
No entanto, a neurociência já é capaz de indicar as áreas que mais são afetadas pelo mal. Dentre elas, o professor de neurologia Victor Fiorini destaca “o sistema límbico, responsável pelas emoções, formado por estruturas como o hipocampo, a amígdala, o tálamo e o giro do cíngulo. Outras estruturas frequentemente acometidas são os lobos frontais e os núcleos da base”.
Isso, segundo o profissional, pode indicar o aparecimento mais comum da depressão em indivíduos que já passaram por alguma doença neurológica, como o acidente vascular cerebral (AVC). “Vítimas de derrame no cérebro têm maior risco de, no futuro, desenvolverem depressão, por conta da perda de neurônios nas regiões cerebrais citadas. Mas não confunda: depressão não significa que a pessoa esteja tendo um AVC”, ressalta Victor.
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Texto e entrevistas: Giovane Rocha/ Colaborador – Edição: Augusto Biason/ Colaborador
Consultorias: Martin Portner, médico neurologista e mestre em neurociência pela Universidade de Oxford, na Inglaterra; Victor Celso Cenciper Fiorini, professor de neurologia do curso de medicina do Centro Universitário São Camilo.