Você já deve ter dito ou ouvido a frase “onde foi que eu errei?” quando o assunto é a educação dos filhos. Com o objetivo de ajudar a responder essa questão, as psicólogas Alcione Candeloro Ricci e Marília Candeloro Cunha escreveram o livro Cadê os Limites?, pela editora Novo Século. Nessa entrevista elas falam sobre os principais desafios dos pais quanto à educação e a melhor forma de resolvê-los.
Limites coerentes
Segundo as psicólogas, estabelecer limites coerentes para as crianças é fundamental, mas extremamente complicado de se praticar. “Em tempos em que a liberdade é muito discutida, é muito difícil para os pais ensinarem a importância dos limites aos filhos”, afirmam. Para elas, o que interfere nesse processo são os modelos de educação vivenciados pelos pais que, muitas vezes, vieram de um sistema extremamente rígido e, por isso, tentam compensar fazendo o oposto para seus filhos. Já os pais que foram criados com liberdade excessiva não sabem o que fazer. “Agora, independente do modelo de educação que os pais vivenciaram, atualmente há uma valorização do prazer imediato. Associada a isso há a falta de tempo de muitos casais, o que tem como consequência uma educação frouxa, com limites escassos”, complementam.
Crianças sem limites, adultos inconsequentes
Alcione e Marília ressaltam: “a falta de limites quando criança favorece que os filhos adultos permaneçam infantilizados, com mais direitos do que deveres, dificultando que eles gerenciem suas vidas de forma independente”. Esse tipo de comportamento fica claro, por exemplo, em adolescentes que desrespeitam pais e professores e/ou usam e abusam do álcool e das drogas; em adultos que não assumem compromissos e ainda são custeados por pais idosos; excesso de agressividade; sexualidade desregrada etc.
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Resolva o problema
Os pais podem dizer: “é fácil falar, mas o que fazer quando as crianças não obedecem?”. A orientação das psicólogas para lidar com filhos birrentos e desobedientes é bem clara: “não cedam às birras deles, mesmo se o que estiverem solicitando for razoável. É preciso levar a criança a verbalizar o que deseja de forma adequada e a resposta será ‘sim’ apenas se realmente for pertinente, e ‘não’ caso a solicitação não seja pertinente”. Se ela não parar a birra precisa ficar claro que, além de não conseguir o que deseja, algo que ela gosta de fazer como alguma brincadeira ou lazer será suspenso como consequência.