A retinopatia diabética é uma enfermidade que ataca os pequenos vasos do organismo e é exclusiva de pacientes diabéticos. “Com o passar dos anos, o paciente tem as pequenas veias e artérias machucadas e com isso elas perdem a capacidade de levar o sangue para os tecidos, começam a deixar sair gorduras e líquidos através de seus poros e geram pequenos infartos dentro dos olhos. Tudo isso causa baixa visão e até mesmo cegueira, quando não tratado adequadamente ou no tempo correto”, diz Luis Felipe da Silva Alves Carneiro, oftalmologista com mestrado em educação em diabetes.
A retinopatia diabética, assim como a maioria das doenças, não deixa o paciente cego de um dia para o outro. O que acontece é que muitas vezes os pacientes não descobrem essa lesão a tempo e quando vão ter seus olhos examinados já se encontram em uma fase avançada da doença. Existem várias classificações para a doença, mas o Conselho Internacional de Oftalmologia (ICO) criou em 2002 uma classificação direcionada ao profissional não oftalmologista, fácil e simples, que pode ser entendida e guardada por todos. Eles dividiram a retinopatia em:
Ausência de retinopatia diabética aparente
Esse é o paciente que possui diagnóstico de diabetes, mas ainda não tem lesão. Deve ter o seu fundo de olho acompanhado em intervalos regulares de um a dois anos ou a critério do médico assistente.
Retinopatia leve
Esse é o paciente que apresenta lesões discretas, apenas microaneurismas e discretas hemorragias. Nessa fase, se o paciente controlar bem os fatores de risco e a glicemia, as lesões podem regredir e ele volta ao estado de ausência de retinopatia diabética aparente. Deve ter o seu fundo de olho acompanhado em intervalos regulares de um ano ou a critério do médico assistente.
Retinopatia moderada
Esse é o paciente que apresenta lesões difusas em todo o fundo de olho, incluindo vários tipos de hemorragias e aneurismas. É um estágio bastante variável e que também pode regredir ao estado de ausência de retinopatia diabética aparente, quando o paciente atinge o controle glicêmico. O paciente deve ter o seu fundo de olho acompanhado em intervalos regulares de no máximo nove meses ou a critério do médico assistente
Retinopatia severa
Esse é um estágio grave da doença que gera baixa de visão e normalmente necessita de tratamento. As lesões incluem aneurismas, hemorragias, más formações vasculares e vasos em rosário. Podem ocorrer pré-neovasos. Normalmente o tratamento pode ser realizado com fotocoagulação a laser e injeções de ANTIVEGF (antifator de crescimento endotelial vascular, que reduz os vasos anômalos e diminui as hemorragias). O paciente deve ter seu fundo de olho examinado em intervalos de três a seis meses ou a critério do médico assistente.
Retinopatia proferativa
Esse é um estágio muito grave da doença que tem grandes chances de levar o paciente à cegueira. Sempre necessita de tratamento, seja com laser, injeções ou cirurgias múltiplas. As lesões incluem aneurismas, hemorragias, más formações vasculares, vasos em rosário, neovasos, fibrose e descolamento da retina por tração. O paciente deve ter seu fundo de olho examinado em intervalos máximos de três a quatro meses ou a critério do médico assistente.
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Como descobrir?
O exame do fundo de olho é a maneira como o médico oftalmologista consegue examinar a retina do seu paciente diabético e avaliar se existe ou não a lesão dos vasos sanguíneos. É necessário pingar o colírio para dilatar a pupila para que possa ser bem realizado.
Consultoria: Luís Felipe da Silva Alves Carneiro, médico oftalmologista com mestrado em educação em diabetes