O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) pode ser, ou ter sido, o motivo daquela nota baixa na escola. Por outro lado, se não for diagnosticado corretamente e tratado, pode trazer diversos prejuízos para a vida tanto de crianças quanto de adultos.
O que é o TDAH?
Sabe-se, pelo próprio nome, que as características principais do TDAH são a falta de atenção e a impulsividade. Porém, muitas vezes, esse distúrbio pode ser, assim como seus sintomas, diagnosticado no impulso. Segundo a psicóloga Juliana Bizeto, “a diferença entre uma pessoa que é desatenta e uma que tem o transtorno é a intensidade dos sintomas. Ela, normalmente, esquece uma coisa ou não presta atenção em outra. Porém, no déficit de atenção, isso é mais intensificado, existem prejuízos na rotina dela”.
Por possuir sintomas similares a outros transtornos mentais, como a depressão e a síndrome do pânico, é importante um diagnóstico correto do distúrbio. Além disso, esses sintomas costumam interferir na realização adequada de atividades escolares, época da vida em que a atenção das crianças é mais exigida.
Importante entender
O TDAH, assim como outros distúrbios, possui fatores neurológicos determinantes para seu desenvolvimento. Segundo o neurologista Mário Guimarães, “o circuito meso-límbico, assim como o córtex pré-frontal (relacionados com concentração, organização e planejamento) são afetados no transtorno. Os principais neurotransmissores envolvidos são dopamina e noradrenalina, que ficam reduzidos em portadores deste distúrbio”.
Existem outras condições hereditárias-genéticas que favorecem o TDAH, como crianças prematuras (com menos de 37 semanas) e com baixo peso ao nascer. Além disso, “a exposição materna a álcool, tabaco ou drogas no período gestacional é mais suscetível a ocasionar o transtorno. Há uma relação semelhante com lesões traumáticas cranianas de repetição durante a infância”, conclui Guimarães.
Qualidade de vida
Muito se questiona sobre a cura dos transtornos mentais. Porém, “cura” pode não ser a palavra correta quando se fala em distúrbios. Isso, no entanto, não quer dizer que está tudo acabado. O mais recomendado por profissionais é sempre buscar melhorar a qualidade de vida do paciente, como esclarece o psicólogo Armando Ribeiro: “os tratamentos visam o alívio dos sintomas e dos sistemas neurobiológicos e comportamentais relacionados.
A psicoterapia aliada à utilização do neurofeedback (métodos de monitoramento da atividade cerebral, como o eletroencefalograma) visa promover uma maior regulação das áreas cerebrais relacionadas ao TDAH”.
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Consultorias: Armando Ribeiro, psicólogo; Juliana Bizeto, psicóloga; Mário Guimarães, neurologista e professor de medicina da Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo (SP).
Texto e entrevistas: Giovane Rocha/Colaborador – Edição: Augusto Biason/Colaborador