Normalmente, os métodos e informações de como acabar com as varizes são direcionados a pessoas mais velhas, como se fosse algo exclusivo de quem já está próximo da terceira idade. Mas não é. Embora a idade seja um dos principais fatores associados ao aparecimento de varizes – veias dilatadas e tortuosas que perderam sua função, causando danos estéticos e danos circulatórios -, a genética tem um papel fundamental. “Enquanto o fator genético é preponderante, o envelhecimento é um agravante. Mas há casos, raros, de varizes na infância”, explica a cirurgiã vascular Aline Lamaita. “E alguns hábitos também podem agravar a situação”, completa.
Mas, de acordo com a médica, dependendo da fase de vida em que estamos, o enfoque e a maneira de tratar a doença muda completamente. “Como todo o nosso corpo, o sistema circulatório envelhece e isso interfere diretamente na evolução e no tratamento”, explica. Ela ainda detalha particularidades da doença em várias fases da vida. Entenda como acabar com as varizes em cada uma delas.
Previous Next Infância: “Felizmente, a presença de varizes na infância é um evento raro. Sempre que visualizarmos veias anômalas em uma criança, precisamos fazer uma avaliação mais completa para descartar hemangiomas, malformações vasculares ou outras causas”, recomenda a médica. Após o diagnóstico, o tratamento de varizes nessa fase costuma ser mais conservador, com incentivo à prática esportiva e acompanhamento com cirurgião. “Depois da primeira menstruação ou início de uso de pílulas anticoncepcionais, na adolescência, devemos ficar mais atentos, pois é nesse momento que a doença pode se manifestar de forma mais evidente”, alerta.Aos 20 anos: “As diversas mudanças dessa fase, como o uso de anticoncepcional, faculdade, começo da vida profissional e a correria do dia a dia associada à sensação de invencibilidade, fazem com que deixemos de lado os cuidados com a alimentação, as atividades físicas e o check up médico, que sempre vai ficando para depois”, diz Aline. Mas o curioso, segundo ela, é que pessoas com tendência a varizes, aos 20 anos, geralmente já começam a mostrar alguns sinais, como vasinhos, veias muito aparentes, cansaço e inchaço. “Esse momento é o melhor para começar um acompanhamento, quando a doença ainda está em fase inicial e pode ser controlada com procedimentos e cuidados mais simples. O melhor tratamento é sempre a prevenção”, afirma a médica.Aos 30 anos: “A maioria das mulheres passa por duas etapas importantes nessa fase da vida, que são a estabilização profissional, que geralmente significa jornadas de trabalho mais longas, sobrecarregando o sistema circulatório, e a decisão de ampliar a família, o que implica numa gestação, e acaba por dar um stress a mais para o sistema venoso”, explica. Além disso, há uma grande probabilidade de piora das varizes, se existir predisposição genética. Por isso, é imprescindível fazer uma consulta ao cirurgião vascular antes de iniciar a gestação, para preparar as pernas para essa jornada. “É sempre preferível realizar dois procedimentos menores, um antes e outro depois da gestação, do que postergar o tratamento e correr o risco de ter que realizar um procedimento bem maior, depois que os filhos nascerem”. Outras dicas importantes são: atividade física regular, controle adequado do peso e boa alimentação, medidas necessárias ao longo de toda a vida.Aos 40 anos: A partir dessa idade, começam a surgir os sinais do envelhecimento. “Existe uma perda gradativa de massa magra e aquela panturrilha, que sempre funcionou bem, começa a perder fibras musculares. Além disso, as veias começam a envelhecer como todos os outros órgãos do corpo, e elas envelhecem se dilatando. Ou seja, provavelmente o inchaço, o cansaço no final do dia e a piora do aspecto estético das pernas devem te alcançar”, afirma. Alimentação balanceada associada à prática de exercícios físicos, com o objetivo de ganhar musculatura, são boas dicas para balancear os efeitos do tempo. “A boa notícia é que se você chegou até aqui sem nenhuma queixa ou com um quadro simples, o tempo está a seu favor. A mulher nessa fase já tem ‘test drive’ para as varizes, e se nada maior aconteceu até agora, é porque provavelmente nunca vai acontecer”, afirma.Aos 50 anos: Aline explica que, por volta dessa idade, a mulher passa pelo último grande teste para o sistema venoso. “Com a chegada da menopausa, a reviravolta hormonal pode levar a dor nas pernas, inchaço e piora das varizes. Quando os hormônios realmente caem e se encerra esse período, podemos dizer que a doença venosa também deve dar uma estabilizada. Isso não significa que o acompanhamento médico deva ficar esquecido”.Em idosos: A associação de perda de massa muscular, dilatação das veias e falta de mobilidade torna o idoso uma pessoa vulnerável ao inchaço, retenção de líquido, dores e cansaço nas pernas. “Como a pele do idoso é mais fina e os vasos mais frágeis, é comum o aparecimento de lagos de sangue pelo corpo [manchas nos braços e pernas]. Hematomas espontâneos também são bastante comuns. Em idosos que apresentam muitas varizes e vasinhos, precisamos ficar atentos aos cuidados locais com a pele, pois a associação de pele mais fina, vasinhos e ressecamento de pele podem levar a sangramentos localizados, que costumam causar grande preocupação e susto em toda a família”, afirma a médica. “Exercite-se, cuide da pele, use medicação flebotônica quando indicada, use meias de compressão elástica e tenha uma terceira idade livre de surpresas”, finaliza.
Texto: Redação Alto Astral | Consultoria: Aline Lamaita, angiologista e cirurgiã vascular membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular
LEIA TAMBÉM