As regiões e circuitos cerebrais envolvidos na cleptomania ainda não são bem delimitados assim como acontece no Transtorno Obsessivo-Compulsivo. Contudo, pesquisas indicam afirmações sobre a deficiência na molécula que transporta, de um neurônio a outro, o neurotransmissor serotonina. Essa falha no transporte ocasiona danos nos circuitos entre o lobo orbital e frontal do cérebro, ou uma diminuição de fluxo sanguíneo para o lóbulo temporal. “Outra informação é que haja diminuição do elemento branco – axônios e dendritos – no lóbulo frontal. Isso provavelmente alteraria a movimentação de informações entre essa região e o sistema límbico, que controla o humor, emoções e vontades”.
Caracterizando o transtorno
Segundo dados da Associação Psiquiátrica Americana, existem alguns itens que caracterizam a cleptomania. São eles:
- Incapacidade rotineira para resistir aos impulsos de furtar objetos desnecessários ao uso pessoal ou por seu valor monetário;
- Sensação crescente de tensão antes de cometer o furto;
- Prazer ou alívio na hora de cometer a subtração;
- A ação não é cometida para expressar ódio ou algum tipo de vingança. Além disso, também não é resposta a um delírio ou alucinação;
- O furto não se deve ao transtorno de conduta ou ao transtorno de personalidade antissocial, popularmente conhecido como psicopatia.
Sensação de satisfação
No momento em que comete o furto, obtendo o objeto sem o consentimento alheio e de forma impulsiva, o cleptomaníaco apresenta sensações que o satisfazem. Este comportamento é acompanhado, habitualmente, de um estado de tensão crescente antes do ato e de um sentimento de satisfação durante e imediatamente após sua realização. “O roubo, condicionalmente, não é cometido para expressar ódio ou represália. O que se passa na mente do cleptomaníaco é uma compensação para aliviar suas tensões, ansiedade e episódios depressivos”, explica o psicanalista clínico Paulo Velasco. Dessa forma, de forma ilusória, o indivíduo se sente satisfeito.
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Consultorias: Paulo Miguel Velasco, psicanalista clínico e professor de psicanálise; Rodrigo Pessanha, psiquiatra.
Texto e entrevistas: Jéssica Pirazza/Colaboradora – Edição: Augusto Biason/Colaborador