Sofrer bullying não é algo fácil de se lidar. Principalmente quando se é criança e as concepções sobre o mundo ainda não estão bem estruturadas, pode ocorrer uma confusão mental nos pequenos. “Em geral, esse quadro cria uma espécie de pânico em relação à situação ameaçadora ou a qualquer situação que se aproxime dela. Os pensamentos mais comuns se relacionam ao fato de terem que lidar com a situação sozinhos e com a sensação de que não vão conseguir”, explica o psicopedagogo Júlio Furtado. O especialista também destaca que culpa, paralisação e decepção podem ser outros sentimentos.
Conviver com as agressões por um longo período pode fazer, até mesmo, que o alvo se torne uma pessoa violenta. “A existência do comportamento agressivo é um dos fatores de alguma alteração comportamental ou psicossomática na criança ou no jovem”, ressalta a pedagoga Bianca Acampora .
Desenvolvimento em cheque
Alterações graves no funcionamento da mente podem influenciar no bom desenvolvimento de crianças e adolescentes. De acordo com Júlio, o indivíduo que sofre bullying pode desenvolver baixa autoestima, o que pode levá-lo a limitar-se em situações em que precisa enfrentar as dificuldades que a vida lhe apresenta.
“Pode, com isso, apresentar o comportamento de fuga de situações que lhe apresente a necessidade de superação, de enfrentamento, fundamental para que a criança supere seus próprios limites”, afirma.
Para a vida toda
Os danos do bulllying podem perpetuar para a vida toda, mas também é possível interferir e reverter o quadro de trauma, principalmente com a ajuda da psicoterapia. “Em alguns casos, porém, a vergonha de pedir ajuda pode, sim, gerar danos irreversíveis, pois a pessoa julga já ter superado o problema e não faz contato com as questões inconscientes e seus desdobramentos comportamentais”, destaca Júlio. Por isso, a importância de sempre conversar com as crianças ao perceber qualquer indício.
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Consultorias: Bianca Acampora, pedagoga especialista em neurociência e aprendizagem; Júlio Furtado, psicopedagogo e doutor em Ciências da Educação.
Texto e entrevistas: Natália Negretti – Edição: Augusto Biason/Colaborador