A meditação de atenção plena é um estado mental no qual se fica consciente de tudo o que está acontecendo no momento. Segundo o especialista em benefícios do mindfulness, Claudio Senna, a nova prática é diferente das demais meditações. “Não é nada místico, é um exercício que mexe nas frequências do cérebro”, diz.
O ponto principal do mindfulness é buscar o contrário ao viver desatento ou sempre muito reativo aos momentos de estresse do dia a dia. “As principais técnicas para o desenvolvimento da atenção plena são exercícios atencionais derivados de algumas práticas meditativas que usam o próprio corpo (respiração, sensações corporais) como âncoras para o treinamento da atenção”, explica o coordenador do Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde e professor do departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina (Unifesp), Marcelo Demarzo.
A experiência consiste em pequenos detalhes como, por exemplo, quando a pessoa aprende a respirar e a se concentrar na atividade. O método explora a atitude corporal e mental e ajuda a alcançar o autoconhecimento. “Nós aplicamos algumas técnicas que chamamos de âncoras, pois toda vez que o devaneio vem, a técnica nos traz de volta ao presente, como uma âncora”, explica Claudio.
A principal âncora utilizada no mindfulness é a respiração. Por esse motivo, Claudio diz que a prática pode ser realizada em qualquer lugar e de qualquer forma, o que a diferencia das meditações convencionais. “É possível explorar os sentidos através de caminhadas ao ar livre, leitura e até mesmo no próprio ambiente de trabalho”, expõe o especialista.
Benefícios do mindfulness
Uma pesquisa realizada pela Faculdade de Medicina de Penn State, nos Estados Unidos, analisou os benefícios do mindfulness para mulheres que se encontram acima do peso. O estudo consistia no acompanhamento de 86 mulheres que participaram de um programa de meditação por 8 semanas. Nos quatro meses seguintes, eles observaram que além do método auxiliar no relaxamento, ele também era responsável por uma diminuição na taxa de glicemia em jejum. O que favorece a prevenção e o tratamento do diabetes.
Apesar de ter sido criado com o intuito de reduzir o estresse, o mindfulness tem um objetivo muito mais amplo: o desenvolvimento de mais foco e atenção. “É um tipo de atenção com uma qualidade específica, que chamamos de ‘mente do principiante’, um estado mental que se contrapõe à hiper-reatividade e ao pré-julgamento dos fenômenos e situações do dia a dia”, afirma Marcelo.
Com o desenvolvimento deste novo estado mental, o professor de medicina garante que, com a prática regular de mindfulness, os benefícios surgem naturalmente, como um melhor gerenciamento do estresse cotidiano e das situações que possam levar a quadros de ansiedade, depressão e piora da qualidade de vida, como a dor crônica, por exemplo.
Elisa complementa que os efeitos do programa de mindfulness podem influenciar também na melhora do hábito alimentar e na redução do abuso de drogas, em especial se associado à terapia cognitiva.
Entretanto, mesmo havendo diversas pesquisas sobre os efeitos de programas de mindfulness, especialmente os de oito semanas,a pesquisadora do Instituto do Cérebro, do Hospital Israelita Albert Einstein, Elisa Kozasa, adverte que novos estudos indicam que não basta desenvolver a habilidade da atenção plena, da maneira propagada no ocidente. “É importante também desenvolver outro componente muito enfatizado nas práticas tradicionais, muitas delas com origem no oriente, que é a compaixão”.
Texto: Redação Alto Astral | Consultoria: Claudio Senna, especialista em mindfulness; Elisa Kozasa, pesquisadora do Instituto do Cérebro, do Hospital Israelita Albert Einstein; Marcelo Demarzo, coordenador do Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde e professor do departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina (Unifesp)
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