Assim como a maioria das doenças, a depressão também possui alguns remédios indicados para um tratamento eficiente. Por se tratar de um desequilíbrio químico no cérebro, os medicamentos antidepressivos têm a finalidade de atuar diretamente nesse problema. “Eles agem modificando a neurotransmissão, via de regra, aumentando a quantidade de um ou mais neurotransmissores na fenda sináptica. Além disso, inibem sua recaptura ou sua metabolização, fazendo com que a disponibilidade destas moléculas seja maior”, comenta o psiquiatra Adriano Segal.
Dependência?
Uma das grandes dúvidas — e causas do receio em aderir ao tratamento medicamentoso — é em relação à possibilidade de vício causado pelo uso dos antidepressivos. Um dos motivos para essa imagem negativa se dá pela utilização de ansiolíticos no tratamento à depressão. Esses medicamentos têm a capacidade de controlar a ansiedade, induzir o sono e colocar a pessoa em estado hipnótico. Os fármacos dessa classe são empregados apenas pelo tempo necessário, já que agem em neurotransmissores diferentes dos antidepressivos, além de diminuírem algumas das atividades dos neurônios, sendo necessários cuidados médicos constantes.
Entretanto, garantem os especialistas, os medicamentos antidepressivos não causam tanto perigo assim. Essa impressão ruim das substâncias é causada pela duração do tratamento, que deixa apenas uma sensação de que realmente viciam. Segundo o psiquiatra, “não há nenhuma descrição de abuso, tolerância ou dependência em relação a eles”.
Antidepressivos atrapalham o sexo?
Um sintoma muito comum nos quadros depressivos é a perda do apetite sexual: até 50% dos pacientes que não são tratados apresentam alguma disfunção relacionada ao sexo. Com o acompanhamento médico, esse sintoma pode melhorar com o uso da terapia à base de remédios.
No entanto, o problema pode aparecer exatamente em quem faz o tratamento medicamentoso. Cerca de 60% das pessoas que fazem o uso de antidepressivos afirmam ter o ato sexual comprometido devido à ingestão dos remédios. Os efeitos colaterais relacionados à utilização de medicamentos podem alterar qualquer uma das três fases do ciclo de resposta sexual: a libido, a excitação (lubrificação na mulher e ereção no homem) e o orgasmo.
Mas nem tudo é decepção quando o assunto é antidepressivos e sexo. Por exemplo, a bupropiona, um princípio ativo de remédios para depressão que promove o aumento de dopamina no cérebro, é receitada no combate à perda de libido causada por outra classe, a ISRS.
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Texto e entrevistas: Augusto Biason/Colaborador
Consultorias: Adriano Segal, psiquiatra e diretor de psiquiatria de transtorno alimentar da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO), em São Paulo (SP); Aristides Brito, neurocientista e diretor da Marca Pessoal Treinamentos.