A acumulação compulsiva afeta por volta de 2% e 6% da população dos Estados Unidos e da Europa, de acordo com informações da 5ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5). E trata-se de um quadro que pode ter ligação com o famoso Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC). Entenda!
É TOC?
Ao longo da história da psiquiatria, a acumulação compulsiva recebeu diversas denominações, por exemplo, Síndrome de Diógenes e Disposofobia. No entanto, “recentemente, a Associação Psiquiátrica Americana (APA) definiu critérios mais precisos para a identificação desta condição em seu sistema de diagnóstico, o DSM-5. Anteriormente, acreditava-se que esse distúrbio era, na verdade, uma forma modificada do Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), caracterizado por rituais e comportamentos estereotipados, além de pensamentos intrusivos e repetitivos”, esclarece o psiquiatra Rodrigo Pessanha.
Entretanto, a acumulação excessiva ainda pode ser um sintoma do TOC. Segundo Hoexter, esse comportamento nada mais é do que colecionar determinadas coisas de maneira excessiva com o objetivo de aliviar o pensamento de que algo ruim pode vir a acontecer. Assim, o indivíduo pode guardar jornais e revistas por mais de 20 anos como forma de amenizar a ideia de que algo muito terrível pode ocorrer num futuro próximo.
Mas os psiquiatras começaram a notar que muitas pessoas “começavam a acumular coisas inúteis em algum momento com uma sensação de prazer. Não era para aliviar nada”, acrescenta Hoexter. Dessa forma, a psiquiatria passou a definir que, se há a intenção de aliviar um pensamento, nada mais é do que um sintoma do TOC (estima-se que 18% a 40% da população com o transtorno sofra com a acumulação). Por outro lado, se a pessoa sente prazer em guardar objetos desnecessários, o comportamento é diagnosticado como Transtorno de Colecionamento.
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Texto: Érica Aguiar – Edição: Victor Santos
Consultorias: João Alexandre Borba, psicólogo; Marcelo Queiroz Hoexter, psiquiatra no Programa de Transtorno Obsessivo Compulsivo do Instituto de Psiquiatria (Ipq) do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP); Rodrigo Pessanha, psiquiatra.
Fonte: 5ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5).