Acumulação compulsiva: será que está na hora de esvaziar as gavetas?

Saiba quando o hábito de guardar as coisas em excesso pode significar um problema. A acumulação compulsiva é um transtorno psicológico que exige tratamento

- Conheça os principais sintomas e consequências do transtorno de acumulação compulsiva. FOTO: Shutterstock

A acumulação compulsiva é um assunto que chama a atenção, tanto que já virou tema de reality show com direito a várias temporadas. Porém, não é por esse lado que se deve enxergar as pessoas acumuladoras. Apesar de atrair os olhares pelas pilhas de coisas acumuladas por todos os cômodos da casa, essa compulsividade é definida como um distúrbio mental. Desse modo, se não for tratada, pode causar grandes prejuízos de ordem psicológica, levando ao isolamento social. Por isso, é importante ficar atento aos principais sintomas do Transtorno de Acumulação e como ajudar quem sofre com esse quadro.

Cérebro desorganizado

Relacionada à característica mais marcante do transtorno de acumulação compulsiva, o acúmulo exagerado e persistente de diversos itens também está associado a um sintoma que deve ser destacado tanto quanto aos montes de objetos acumulados: o desconforto em tomar a decisão de jogá-los fora. “Este padrão de comportamento se traduz em uma grande dificuldade em se desfazer de utensílios e objetos, mesmo aqueles sem qualquer significado ou valor estimativo”, explica o psiquiatra Rodrigo Pessanha.

E esse traço do distúrbio pode significar muito mais do que uma simples dificuldade comportamental. Foi o que provou o estudo mais recente sobre o tema publicado em 2012 na revista científica Archives of General Psychiatry. Dando uma explicação neurológica para o desenvolvimento do quadro, os pesquisadores concluíram que a comunicação no sistema nervoso de indivíduos que se enquadram como acumuladores compulsivos não ocorre normalmente.

O sinal mais marcante do distúrbio é o acumulo fora do normal de coisas consideradas sem valor. FOTO: Shutterstock

O sinal mais marcante da acumulação compulsiva é o armazenamento fora do normal de coisas consideradas sem valor. FOTO: Shutterstock

Eles compararam exames de ressonância magnética do cérebro de pessoas com e sem o distúrbio, e o resultado sugeriu algumas alterações na região anterior do encéfalo (principalmente em estruturas como o córtex cingulado e a ínsula). Essas diferenças, segundo os cientistas, seriam a causa das falhas em tomar decisões e o receio de optar por escolhas erradas, além de justificar o apego aos acúmulos.

Diagnóstico característico

Nem sempre o transtorno de acumulação teve uma definição própria. Até a quarta edição do Manual de
Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais, esse distúrbio era visto como um sintoma do Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC). Foi apenas na quinta e mais recente versão do guia psiquiátrico que os critérios de identificação do distúrbio ganharam destaque.

Já referido por especialistas como Síndrome de Diógenes ou Disposofobia, atualmente é tratado como
Transtorno de Acumulação. E, dentre as definições básicas, como a resistência em se livrar de objetos
mesmo que não tenham um valor sentimental e a acumulação excessiva (presente em cerca de 80% a
90% dos casos, como mostra o DSM-5), também se encontram características relacionadas ao autoconhecimento da disfunção por parte do paciente.

  • Insight bom ou razoável: a pessoa reconhece a acumulação compulsiva como algo problemático.
  • Insight pobre: o paciente, mesmo com evidências comprovando o oposto, não vê a acumulação como um problema.
  • Insight ausente: nessa situação, o acumulador compulsivo acredita plenamente que seus comportamentos não são um contratempo.
Ao notar um comportamento incomum, é importante procurar a ajuda de um especialista. FOTO: Shutterstock

Ao notar um comportamento incomum, é importante procurar a ajuda de um especialista. FOTO: Shutterstock

Encontrando a saída

Primeiramente: não descarte nada ou force o indivíduo a se livrar de qualquer item. Em segundo lugar: busque a ajuda de um especialista, psiquiatra ou psicólogo, uma vez que é difícil para o próprio acumulador procurar uma consulta. Esse profissional fará o diagnóstico do paciente por meio de uma conversa, analisando o quadro. E, em seguida, aconselhará qual o melhor caminho a ser tomado para buscar uma qualidade de vida mais decente que, como indica o psiquiatra Marcelo Queiroz Hoexter, pode ser por meio de tratamento medicamentoso ou acompanhamento terapêutico. “A primeira por medicações que ajudam essas pessoas, como antidepressivos. Outra modalidade de tratamento que ajuda bastante são as técnicas de psicoterapia. A principal técnica de psicoterapia é a terapia cognitivo-comportamental”, conclui o psiquiatra. Essas intervenções são características do tratamento para TOC. Contudo, os métodos não se mostram tão eficazes para os casos de Transtornos de Acumulação, o que exige uma maior paciência para uma melhora gradual.

 

Texto: Redação Alto Astral | Consultoria: Marcelo Queiroz Hoexter e Rodrigo Pessanha, psiquiatras

 

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