Envelhecer pode se transformar em um tipo de medo para diversas pessoas e isso acontece porque, em geral, ficar mais velho está associado com a dependência. Mas, para mostrar que as coisas não são bem assim, a antropóloga e colunista da Folha de S. Paulo Mirian Goldenberg pesquisou durante 25 anos o comportamento de homens e mulheres do Brasil e estudou o processo de envelhecimento. Em seu livro A Bela Velhice, ela traz uma nova perspectiva da melhor idade. “Na obra, eu aprofundei o que envelhecer tem de bom e como usufruir da vida pós 60”, adianta.
Um dos pontos abordados por Mirian é o fato de as mulheres acharem que os homens envelhecem “melhor” e ficam mais charmosos. E, para contrapor esse mito, a antropóloga aponta o comportamento feminino como um benefício para chegar melhor à terceira idade. “As mulheres de cuidam mais. Elas vão mais ao médico, alimentam-se melhor, usam cremes para corpo e são mais vaidosas. Isso faz com que elas envelheçam de forma mais ativa”, completa. Enquanto o público masculino, em sua maioria, não se preocupa com essas questões e, quando a idade chega, os reflexos do “mau” envelhecimento começam a aparecer.
A beleza da velhice não está na aparência e sim na maturidade e no aprendizado da vida. Não é porque se é velho que os problemas de saúde atrapalham, isso ocorre em qualquer idade e é importante ter essa consciência. Uma das vantagens apontada pelas mulheres participantes da pesquisa de Miriam é o ganho de liberdade. “Elas agradecem por não ter mais que cuidar dos filhos e carregar tanta responsabilidade sobre tudo no lar”, diz a antropóloga. As mulheres de sentem livre para dar atenção a si mesmas.
A melhor forma de chegar bem e ativo aos 90 é se preparar e se cuidar. A própria colunista conta que mudou muitas coisas na sua vida e adiantou os ensinamentos da velhice para viver melhor. “Eu também tinha medo de envelhecer, mas descobri e aprendi que o processo é muito bonito. Quando se está mais velho, fica mais fácil separar o que realmente importa e o que não merece atenção e isso eu já estou aplicando na minha vida”, revela. Aos 56 anos, Mirian se considera uma velha e tem certeza de que isso é maravilhoso.
Se engana quem pensa que o livro é destinado apenas aos sessentões. Segundo a colunista, o livro é para o velho de hoje e o de amanhã também. “Para os jovens, a obra funciona como um manual para envelhecer com qualidade”, adiciona. As principais dicas da autora são:
+ Ter um projeto de vida;
+ Encontrar coisas que goste de fazer;
+ Aprender a dizer “não”;
+ Dar muita risada;
+ Enfrentar os medos;
+ Buscar a felicidade.