Seja para prevenção ou tratamento, existe uma gama enorme de medicamentos desenvolvidos especialmente para combater cefaleias e enxaquecas. Saiba quais os principais questionamentos em relação ao uso e aos efeitos colaterais.
1 – Os remédios para cefaleias e enxaquecas podem engordar?
Tudo depende do remédio usado e do organismo de cada um. Alguns remédios realmente apresentam um potencial para aumentar o peso do paciente. Isso acontece por diversos fatores, seja por aumentar a fome; por obstipação intestinal (intestino preso) ou retenção de líquidos.
Medicamentos feitos à base de flunarizina são os que mais podem contribuir com o aumento de peso; seguidos dos antidepressivos tricíclicos (amitriptilina) e do divalproato. Porém, também existem medicamentos que podem colaborar com a perda de peso. O topiramato é um deles, pois controla a compulsão alimentar. Por isso, é muito importante continuar ou iniciar exercícios físicos enquanto se faz uso de algum desses medicamentos, para manter a saúde e a balança em dia.
2 – Podem causar dependência?
Não há estudos que comprovem qualquer dependência de medicamentos para as crises de cefaleias. O que pode acontecer é a eficácia ser tão boa que o paciente decide tomá-lo por conta própria. Ao contrário de tratamentos com antibióticos, os medicamentos para dores de cabeça, especialmente enxaqueca, costumam ter uma duração maior. Não é uma dependência biológica, e sim um tratamento prolongado.
3 – É permitido consumir álcool durante o tratamento?
Sempre é indicado evitar o consumo de bebidas alcoólicas em conjunto com o tratamento por meio de medicamentos, independentemente de sua finalidade. Isso porque pode haver efeitos na mucosa do estômago quando associado ao uso de anti-inflamatórios. A digestão de alimentos e metabolização de remédios compete com o álcool no fígado, então, quanto mais uso de álcool, pior o efeito colateral. Podem ocorrer também mais tontura, enjoos e sonolência.
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4 – Os remédios sedam ou causam sonolência?
Alguns remédios para dor de cabeça, tanto para a prevenção quanto os analgésicos usados durante as crises, podem dar sono. O paciente deve ser alertado desde o começo do tratamento, pois exige um tempo para adaptação do cotidiano. Antidepressivos tricíclicos como a amitriptilina e nortriptilina, e também os que contenham trazodona e mirtazapina em suas composições, tendem a causar sonolência.
Medicamentos usados nos momentos das crises podem ter esse efeito, pois possuem relaxantes musculares. Muitos destes remédios contêm também cafeína, o que pode reverter esse quadro. Atenção com medicamentos à base de estimulantes como o isometepteno (neosaldina), pois podem gerar insônia ou mais ansiedade, caso haja a ingestão excessiva.
5 – Os remédios interferem na saúde de algum órgão?
“Existem medicamentos para dor de cabeça, como os anti-inflamatórios, que podem desencadear gastrites, e por fim, dores de estômago”, afirma o neurologista Marcelo Mariano da Silva. Por isso é preciso cautela no uso desses remédios, e sempre sob orientação médica. Seja qual for o tipo de medicamento usado, é importante ficar alerta caso surja algum sintoma. Se houver qualquer alteração anormal no organismo, o ideal é procurar o médico.
Os mais usados
Segundo a Sociedade Brasileira de Cefaleia, os medicamentos preventivos mais usados são da classe dos neuromoduladores, chamados antigamente de anticonvulsivantes (topiramato e divalproato); antidepressivos, inibidores de recaptação de serotonina (amitriptilina, nortriptilina e venlafaxina); betabloqueadores (atenolol, propranolol, metoprolol e nadolol) e bloqueadores do canal de cálcio (flunarizina).
Essas classes são as mais recomendadas nos guias de tratamentos de sociedades da especialidade, mas outras classes também podem ser usadas como anti-hipertensivos (candesartan e lisinopril); vitaminas e minerais (melatonina, riboflavina, coenzima q10 e magnésio); fitoterápicos (petasitis hibridus e tanacetum parthenium); toxina botulínica e neurolépticos (olanzapina, quetiapina, aripiprazol e clorpromazina). Já os analgésicos podem ser de diversos compostos, como os analgésicos simples (paracetamol e dipirona); anti-inflamatórios (naproxeno, diclofenaco, inibidores de cox-2, ketorolaco, ibuprofeno e tenoxicam); ergotaminas e triptanos (rizatriptano, sumatripitano, zolmitripitano e naratriptano).
Consultoria: Marcelo Mariano da Silva, neurologista especialista em dor, e Sociedade Brasileira de Cefaleia