Desenvolvida no Centro de Doença Celíaca da Universidade de Chicago, uma pesquisa constatou que um vírus comum na infância poderia desenvolver uma alergia ao glúten e levar à doença celíaca, um transtorno autoimune que afeta uma em cada 133 pessoas nos Estados Unidos e no Brasil a cada 400 brasileiros um é celíaco. A doença celíaca ocorre quando o corpo tem uma resposta imune inadequada – muito parecida com uma alergia – ao glúten, uma proteína presente no trigo, no centeio e na cevada. O revestimento do intestino delgado é danificado e não tem cura – só pode ser tratada com a eliminação do glúten da dieta.

A pesquisa afirma que um vírus da infância pode desenvolver a alergia Foto: Istock.com/Getty images
Mas se esse estudo que se baseou em experiências com ratos, for confirmado em pesquisas mais amplas realizadas com humanos, uma vacina poderia, no futuro, prevenir a doença celíaca, disseram os pesquisadores. “O estudo mostra claramente que um vírus que ainda é clinicamente assintomático pode afetar o sistema imunológico e preparar o cenário para um transtorno autoimune, e para a doença celíaca em particular”, disse Bana Jabri, autora principal da pesquisa.

O celíaco não pode comer nada que contenha glúten Foto Shutterstock.com
A pesquisa descobriu que vírus intestinais chamados reovírus podem fazer o sistema imunológico reagir exageradamente ao glúten, uma proteína que já é difícil de digerir. Inoculado em ratos, um reovírus humano comum desencadeou uma resposta imune inflamatória e a perda da tolerância oral ao glúten, enquanto que outra cepa estreitamente relacionada mas geneticamente diferente não fez isso.
O vírus provoca um aumento de anticorpos que podem deixar uma marca permanente no sistema imunológico que prepara o terreno para uma resposta autoimune posterior ao glúten. A maioria das crianças começa a comer cereais que contém glúten por volta dos seis meses de idade, um momento em que seus sistemas imunológicos são mais vulneráveis aos vírus.
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