Segundo uma pesquisa divulgada pela Fundação Perseu Abramo, em parceria com o SESC, uma em cada quatro mulheres sofre violência obstétrica durante a gestação ou o parto no Brasil. Esse número pode ser ainda maior, já que, muitas vezes, essas agressões passam despercebidas pelas grávidas ou não são relatadas.
Durante toda gestação
Muitas mulheres são vítimas de abusos que podem acontecer desde o pré-natal, em unidades de saúde, passando pela pessoa que fará a triagem e recepção da gestante no hospital, até a equipe médica, quando impõe suas condutas e procedimentos durante o parto. “Basicamente, a violência obstétrica se caracteriza por tratamentos desumanos à mulher durante a gestação e no momento do parto, que inclui o trabalho de parto, o parto em si e o pós-parto”, explica Alberto Guimarães, ginecologista e obstetra.
Mas o que é violência obstétrica?
O médico destaca que atos como recusa no atendimento, agressões verbais, privação de acompanhante, episiotomia – incisão efetuada na região do períneo (área muscular entre a vagina e o ânus) para ampliar o canal de parto -, uso abusivo de medicamentos, a perda da mulher da autonomia do seu corpo e de sua capacidade de decisão e separação da mãe e do bebê, quando saudável, são algumas destas violências.
Como denunciar?
A mulher que identificar a violência obstétrica deve, imediatamente, denunciar. Ela precisa, além de anotar tudo que sofreu, pedir cópias dos prontuários seu e do bebê e buscar ajuda de um advogado para garantir que seus direitos sejam respeitados.
Não é só no Brasil
A jornalista Patrícia Poeta relatou ter sofrido violência obstétrica há 14 anos. Quando teve seu filho em Nova York, nos Estados Unidos, ela falou sobre o assunto na revista Marie Claire. No seu relato, ela afirma que foi um dos dias mais terríveis da sua vida.
Consultoria: Alberto Guimarães, ginecologista e obstetra
Texto: Jussara Tech
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