Há 110 anos, um grupo de cerca de 1500 mulheres tomou as ruas de Nova York. O protesto pela igualdade econômica e política é considerado o primeiro Dia da Mulher nos Estados Unidos. No entanto, somente décadas mais tarde, em 1975, o dia 8 de março seria reconhecido como o Dia Internacional da Mulher. De lá pra cá, o movimento feminista ganhou corpo, reforço e se espalhou pelo mundo, procurando pelas vozes muitas vezes esquecidas no silêncio. Embora as conquistas ainda aconteçam em passos curtos, as mulheres, cada vez mais, mostram não ter medo de enfrentar toda uma cultura ancestral para estabelecer a liberdade e a igualdade entre os gêneros.
Assim, na galeria a seguir, você confere a vida, a trajetória e o legado de 10 mulheres históricas e inspiradoras:
Previous Next Escritora, ativista política, filósofa do movimento existencialista e figura única da luta feminista, Simone Lucie-Ernestine-Marie Bertrand de Beauvoir nasceu na cidade de Paris, no dia 9 de janeiro de 1908. Vinda de uma família burguesa, foi influenciada pelo gosto do pai pela leitura e, assim, dedicou-se inteiramente aos estudos. Concluiu sua graduação em filosofia no ano de 1929, mesma época em que conheceu Jean-Paul Sartre, seu companheiro em um relacionamento aberto, para o qual fizeram um pacto de não se casar, não ter filhos e se dedicarem inteiramente à filosofia. Ao lado do filósofo, fundou o periódico Les Temps Modernes, que circulou de 1945 a 1986. Sua obra de maior destaque, O Segundo Sexo, foi lançada em 1949 e atingiu o status de clássico feminista. As publicações de sua autoria (ensaios, monografias, romances, autobiografias e biografias) possuem temáticas filosóficas, políticas e sociais – não à toa, é considerada uma das figuras mais influentes do movimento feminista. Simone ficou conhecida por levantar discussões sobre o aborto ser considerado crime, rejeitava as hierarquias, os valores correntes e as cerimônias que distinguiam a elite – e por romper uma tradição na qual elas eram coadjuvantes. Em 1954, ganhou o prêmio literário Goncourt por seu livro Mandarins. (Foto: Wikimedia Commons) Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón foi uma famosa pintora mexicana do século XX, nascida em 6 de julho de 1907, na cidade de Coyoacan, no México. Aos seis anos teve poliomielite, que a deixou com um dos pés atrofiado e uma perna mais fina que a outra. Mas foi com 18 anos que passou pela tragédia que mudou sua vida. Após um grave acidente de ônibus – em que foi transpassada por uma barra de ferro pelo abdômen e sofreu múltiplas fraturas –, Frida passou a conviver com corpetes ortopédicos por toda a vida. Nessa época, deitada em sua cama, ela descobriu a pintura nas horas livres e sempre pintou a si mesma. A artista casou-se em 1929 com Diego Rivera e divorciou-se 10 anos mais tarde – um relacionamento conturbado, entre o amor e o ódio. Durante sua vida sofreu três abortos. Em 1954, morreu de embolia pulmonar, após uma grave pneumonia. Marcada por uma trajetória de superações e sofrimentos, Frida refletiu em seus quadros a dor em meio às marcas da cultura mexicana. Considerada surrealista, ela negava o título dizendo que não pintava sonhos, mas sua realidade. Através de seus quadros, tornou-se uma das maiores pintoras do século. Sua arte foi reconhecida internacionalmente e suas obras seguem em exposição pelo mundo todo. Além de seu dom artístico, Frida tornou-se ainda um ícone para os movimentos feministas. (Foto: Wikimedia Commons) Nascida no estado do Alabama, um dos mais racistas dos Estados Unidos, Angela Yvonne Davis tornou-se uma das mais relevantes professoras e filósofas de todo o mundo. As constantes humilhações racistas pelas quais passou na infância e na adolescência a levaram a integrar o Partido Comunista norte-americano e dos Panteras Negras, onde militou contra a discriminação racial e a favor dos direitos das mulheres. Além de mais de uma dezena de livros publicados, Davis ainda foi homenageada em composições de John Lennon e da banda Rolling Stones. Ela tem trabalhado como professora e ativista, defendendo a igualdade de gênero, a reforma prisional e alianças através das linhas de cor. (Foto: Wikimedia Commons) Rosa Louise McCauley nasceu em uma família humilde e precisou largar os estudos ainda na adolescência para trabalhar como costureira na cidade de Montgomery, no estado do Alabama, Estados Unidos. Nesta época, vigoravam diversas leis que segregavam brancos e negros na região onde morava. Assim, no dia 1º de dezembro de 1955, um gesto simples – mas de grande significado – faria Parks entrar para a história: ela se recusou a ceder seu lugar num ônibus para um homem branco, que exigia que a moça se retirasse para ele poder se acomodar. Seu ato foi o pontapé inicial para que Martin Luther King iniciasse um movimento em prol da igualdade racial. Entre outras condecorações e homenagens, Parks recebeu das mãos do então presidente Bill Clinton a mais alta honraria oficial concedida pelo governo a um civil norte-americano: a Medalha de Ouro do Congresso. (Foto: Wikimedia Commons) Ellen Johnson Serleaf é economista e atual presidente da Libéria, um país africano, em que ocupa o cargo pelo segundo mandato consecutivo. Nascida na capital liberiana, Monróvia, Ellen estudou na Universidade de Harvard e ocupou cargos econômicos importantes nos Estados Unidos e na Libéria. Ingressou na vida política nos anos 1970 e, em 1985, em meio a um regime militar, foi presa e posteriormente exilada por criticar a ditadura publicamente. Retornou ao país em 1997 quando passou a liderar o Partido da Unidade. Assumindo um papel de destaque na política nacional, Ellen chegou à presidência do país em 2005, sendo reeleita para mais um mandato em 2011. Ao assumir a chefia da Libéria, recebeu um país devastado por duas guerras civis, sem nenhuma infraestrutura e com uma economia falida. Desde então, luta pela reconstrução e modernização da nação, usando de sua experiência como economista e influência mundial para atrair investimentos estrangeiros. Primeira mulher a chegar ao cargo de presidente no continente africano, foi premiada com o Nobel da Paz em 2011. (Foto: Wikimedia Commons) Elizabeth II é a Rainha do Reino Unido e Chefe de Estado dos países da Commonwealth. Ainda princesa, entrou para a linha sucessória após seu tio, Eduardo VIII, renunciar a coroa britânica em 1936. Seu pai, Jorge VI, então subiria ao trono, fazendo com que a princesa ocupasse o primeiro lugar na linha de sucessão. Após a morte deste, em 1952, Elizabeth passa a reinar, sendo coroada no ano seguinte. Elizabeth II é a monarca a ocupar o trono britânico por mais tempo em toda história, além de ser a única a ultrapassar os 90 anos de vida. (Foto: Wikimedia Commons) Cientista e política alemã, Angela Dorothea Merkel é a Primeira-Ministra da Alemanha desde 2005. Nasceu na Alemanha Oriental, onde estudou física na Universidade de Leipzig. Em 1989, com a queda do muro de Berlim, entrou para a vida política e tornou-se porta-voz do governo. Posteriormente se tornaria presidente de seu partido e, em 2005, atingiria o posto de Primeira-Ministra, função exercida até hoje. Merkel foi a primeira mulher a chegar ao cargo, e ainda liderou o país em meio a crise econômica que assolou a Europa e manteve a nação como a economia mais forte da zona do Euro. Foi eleita pela revista Forbes como a “mulher mais poderosa” do mundo em 2013. Em 2015, a revista Times a elegeu como a “pessoa do ano”. (Foto: Wikimedia Commons) Michelle Obama é advogada e ex-Primeira Dama dos Estados Unidos. Estudou nas universidades de Harvard e Princeton, na qual teve que lidar com o racismo. Conheceu seu marido, o ex-presidente Barack Obama, quando trabalhou junto dele em uma firma de advocacia. Teve papel decisivo durante as duas corridas presidenciais de Obama, promovendo discursos memoráveis. Além disso, idealizou campanhas importantes, como a Let’s Move, que incentivava o combate à obesidade infantil no país, além de colocar as discussões acerca dos direitos das mulheres e o preconceito racial em evidência. Importância e legado: ela deixou o posto de Primeira Dama, no começo de 2017, com um índice de aprovação maior que a de seu próprio marido, e muitos desejam que Michelle se candidate a presidência em 2020. Detentora de um carisma único, tornou-se um ícone para as mulheres negras ao se tornar a primeira a ocupar o lugar de Primeira Dama dos Estados Unidos. (Foto: Wikimedia Commons) Malala Yousafzai é uma jovem de apenas 20 anos, ativista paquistanesa, nascida no dia 12 de julho de 1997. Sua trajetória se inicia com a taxa de analfabetismo entre as mulheres na cidade de Mingora, no Vale Swat, próxima à fronteira do Paquistão, que é superior a 60%. O pai de Malala, Zia-ud-Din Yousafzai, sempre foi um defensor da educação e transmitiu esta paixão à filha. Assim, com a proibição política, a qual não permitia que as mulheres frequentassem escolas, Malala começou, em 2009, a escrever o blog “Diário de uma estudante paquistanesa” para a BBC Urdu, com o pseudônimo Gul Makai. Em 2011, recebeu do primeiro-ministro Yousaf Paza o Prêmio Nacional da Paz. Um ano depois, em 2012, homens armados entraram no ônibus escolar onde estava e perguntaram por ela. Quando a identificaram, um homem atirou em sua cabeça – a bala atravessou o pescoço e atingiu outras meninas que estavam no ônibus. Ela virou protagonista principalmente pela defesa dos direitos humanos das mulheres e do acesso à educação, além de criticar abertamente o Taliban, algo que os políticos paquistaneses não faziam por medo. Em 2014, tornou-se a vencedora mais jovem de um prêmio Nobel, o da Paz. (Foto: Wikimedia Commons) Marta Vieira da Silva é alagoana de Dois Riachos, nascida em 1986. É considerada uma das melhores jogadoras de futebol de todos os tempos. Começou a jogar futebol no Centro Sportivo Alagoano (CSA) e se profissionalizou pelo Vasco da Gama. Passou por outras nove equipes entre Brasil, Estados Unidos e Suécia, conquistando dez títulos nacionais, uma Copa Libertadores da América e uma Liga dos Campeões da Europa. Na Seleção Brasileira desde 2002, faturou duas medalhas de ouro em Jogos Pan-Americanos, duas de prata em Jogos Olímpicos e um vice-campeonato mundial. Foi eleita por cinco anos consecutivos a melhor jogadora do mundo, entre 2006 e 2010. Além disso, é a jogadora com o maior número de gols na Copa do Mundo de Futebol Feminino, sem contar o fato de ser a maior artilheira da história da Seleção Brasileira, à frente de Pelé, Ronaldo, Zico e companhia. Um exemplo para todas as meninas que começam no futebol e lutam contra o machismo do esporte em todo o mundo! (Foto: Wikimedia Commons) LEIA TAMBÉM