Foi na década de 70, quando morava em Los Angeles, nos Estados Unidos, que a Monja Coen começou a prática do zazen, a base do Budismo. Ao longo desses mais de 40 anos ela conquistou vários títulos dentro dessa doutrina e hoje cuida de um templo Zen Budista, tendo discípulos em várias regiões do Brasil. Recém lançado pela Editora Planeta, o livro A Sabedoria da Transformação: Reflexões e Experiências, da Monja Coen, convida o leitor a lançar um olhar sobre si mesmo e a rever seus valores e conceitos. A Malu entrevistou a Monja Coen para falar um pouco mais sobre a publicação e dar dicas para quem quer começar a praticar a meditação.
Monja Coen define seu livro como uma reflexão e experiência para inspirar sabedoria capaz de direcionar a transformação incessante da existência. “A inspiração é a base da reflexão profunda que pode transformar a nós e ao mundo. Há muitas pessoas, pensamentos, filosofias e religiões que podem nos inspirar”, afirma. Questionada sobre quem são suas inspirações, ela cita como fontes seus mestres de ordenação e de prática religiosa, e também o líder Mahatma Gandhi. Uma frase específica do indiano é citada pela Monja: “temos de ser a transformação que queremos no mundo”.
Com discípulos em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Distrito Federal e até na Suíça, a Monja Coen diz também que as pessoas simples e desconhecidas do grande público, que ela encontra nesta travessia de vida, também lhe servem como inspiração.
Meditação
Monja Coen descreve a meditação como uma forma de conhecer a essência do ser. “Meditar é uma das funções da mente humana e como todas as outras, precisa de estímulo e prática”, explica. Segundo ela, isso é nada mais do que sentar em silêncio e na postura correta, seguindo as instruções de pessoas experientes na prática, “mantendo o foco, a disciplina e sendo feliz”.
A meditação pode levar as pessoas além do auto-conhecimento, a transcender o eu menor, ao acesso à sabedoria e à tranquilização das paixões mundanas. Há quem considere a meditação benéfica à saúde física, mental e social, mas Monja Coen considera isso efeitos colaterais da prática.
Vida saudável
Para ela, os hábitos físicos influenciam nossa vida, afinal, somos o que fazemos, falamos, pensamos, sentimos e realizamos. “Nosso corpo é sagrado e precioso”, comenta, recomendando uma vida regrada na alimentação e no sono, por exemplo. Ela diz que comer e dormir a quantidade de horas certa, de acordo com suas necessidades fisiológicas, além de manter alguma atividade física, estimula a mente a pensar, refletir e meditar.
Quando o assunto é hiperativismo, Zazen é a dica principal da Monja. Ela pede para que as pessoas que se consideram agitadas demais observem suas atitudes e procurem grupos de práticas meditativas: “só através do conhecimento e a aceitação de si mesmo que uma pessoa pode se transformar. É preciso paciência e perseverança”, adianta. Segundo ela, não há nada fixo neste mundo, pois o equilíbrio surge a partir do desequilíbrio e estamos o tempo todo nos reequilibrando. Assim, a ansiedade, a agitação da mente e a hiperatividade não são obstáculos à meditação, nem a uma vida saudável. “Basta conhecer e utilizar de forma adequada, canalizar para a sabedoria e a ternura por todos os seres”, finaliza.
A Monja
Monja Coen nasceu em São Paulo em 1947, mudou-se para os Estados Unidos para trabalhar na década de 70 e morou por oito anos no Mosteiro Feminino de Nagoya. Também residiu no Japão atendendo as comunidades locais com serviços memoriais, enterros, preces nas residências, casamentos e práticas de Zazen para crianças e adultos. Hoje está construindo um centro de práticas Zen no Vale dos Pesqueiros, em Viamão, no Rio Grande do Sul e acabou de lançar o livro A Sabedoria da Transformação: Reflexões e Experiências.
Agradecimento: Fabio Diegues